Anuário Brasileiro da Cana-de-açúcar 2016 - page 55

Setor avança no reconhecimento
mundial, mas mercado
ainda “soluça”
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É uma senhora responsabilidade chegar
aos 500 anos de vida, agora em 2016, novi-
nha em folha, só ou acompanhada, e agra-
dando aos mais diversos paladares brasileiros.
E ainda garantindo espaço ao lado de outras
marcas e estilos. Democrática, a cachaça brasi-
leira vem fazendo bonito desde a sua “desco-
berta” e não faz distinção de classe social, ide-
ologia, religião, faixa etária – dos 18 aos 90 –,
pois tem marca, sabor, especificidadade, as-
pecto cultural e regional para todos os gos-
tos. É o destilado mais consumido no País.
A produção evoluiu muito desde a pri-
meira “safra” de que se tem notícia, em
1516, na feitoria de Itamaracá, atualmente
pertencente ao Estado de Pernambuco. São
1,4 bilhão de litros produzidos por ano no
Brasil, por mais de 40 mil produtores, con-
siderando o processamento em escala in-
dustrial e artesanal, para consumo médio de
6,29 litros por habitante, elevado para a mé-
dia per capita de 10,5 litros/ano, consideran-
do apenas a população entre 18 e 59 anos.
Cerca de 99% dos produtores de cacha-
ça do Brasil são microempresas. Da produ-
ção à comercialização, a “caninha” gera perto
de 500 mil empregos diretos e indiretos. O
segmento premium, que estabeleceu a co-
mercialização das melhores cachaças a par-
tir de concursos de qualidade e de regras de
fabricação, perdeu um pouco de fôlego nos
últimos dois anos em função da crise econô-
mica e do aumento de impostos.
Embora ainda não tenha alcançado o
mesmo sucesso no mercado internacional, o
destilado made in Brazil é exportado e tem
mercados fiéis: caso da Alemanha, a maior im-
Um belo descobrimento
Cachaça, pinga, canha, caninha... A bebida genuinamente brasileira
completa 500 anos de preferência nacional e mira com confiança o exterior
Imposto
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)
vem trabalhando a imagem do produto em feiras e eventos internacionais, bem como
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) dá assistência à
organização das cachaçarias artesanais em todo o País. Mas a bebida sofre com o alto
impacto dos tributos fixados por parte dos governos federal e estaduais. O Instituto
Brasileiro da Cachaça (Ibrac), por exemplo, destaca que 85% dos produtores, atual-
mente, estão na informalidade, por causa da pesada incidência tributária.
Carlos Lima, presidente do Ibrac, aponta a alta do Imposto sobre Produtos Indus-
trializados (IPI), em dezembro de 2015, como um dos fatores que tira competitivida-
de do produto. A alíquota passou de até R$ 2,90 por litro para até 25% sobre o valor
final do produto. No caso da cachaça premium, apenas essa tributação representa R$
12,50. E isso acontece justamente quando a qualidade vinha sendo valorizada
pelo consumidor nacional. A retomada dos investimentos da Apex-Bra-
sil, com maior apoio da cadeia produtiva, está nas metas futuras
do setor. E, claro, a redução dos tributos.
portadora da bebida por causa do mais brasi-
leiro dos drinques, a caipirinha. Ainda assim, o
agravamento da crise econômica fez com que
as exportações caíssem 27% em receita e 17%
emvolume em2015, segundo oMinistério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte-
rior (MDIC). A receita, de US$ 13,32 milhões
em2015, foi a menor desde 2007.
A expectativa era inversa, de evolução das
vendas, desde que em 2012 os Estados Uni-
dos, segundo maior importador da caninha
brasileira, reconheceram o produto como
genuinamente brasileiro e não mais o clas-
sificaram no rol de rum ou tequila. Os fa-
bricantes consideram que, mesmo com o
câmbio favorável às exportações, faltam in-
vestimentos em promoção do produto no
exterior para manter picos de exportação,
como ocorreu em 2014. As grandes em-
presas nacionais, que produzem e engarra-
fam cachaças como Pitú, 51, Velho Barreiro,
Ypioca e Colonial, exportam entre 1% e 5%
da produção, apenas. A cachaça representa
cerca de 5% da produção global de bebidas
destiladas. O produto exportado é a cacha-
ça industrial, para elaboração de drinques,
como a caipirinha, e tem baixo valor agrega-
do, até porque é embarcada a granel.
Sabor de Brasil
Taste of Brazil
Exportação anual de cachaça
*Janeiro a junho/2016
Fonte:
Agrostat/MAPA – Julho 2016
Ano
US$ FOB
2016*
7.009.036
2015
13.320.684
2014
18.335.792
2013
16.598.768
2012
14.993.127
2011
17.286.728
2010
15.954.447
1...,45,46,47,48,49,50,51,52,53,54 56,57,58,59,60,61,62,63,64,65,...68
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