Anuário Brasileiro de Citros 2016 - page 9

Sílvio Ávila
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A exemplo do sol, ao qual se assemelha na forma, na energia e na
cor, a laranja brasileira reina no universo da citricultura internacio-
nal. Mesmo com novo recuo recente, preserva seu vigor e seu bri-
lho, como a fruta mais produzida no País, que é o líder em nível
mundial e assim também no principal produto dela extraído e
exportado, o suco. Ao lado do limão (com boa exportação da
fruta fresca) e da tangerina, forma o trio de destaque no seg-
mento, que gera em torno de R$ 9 bilhões e cerca de 250 mil
empregos, agregando à economia saúde e vitaminas, que as
próprias frutas oferecem para o organismo humano.
Foi como fonte de saúde (vitamina C), além do seu gos-
to bom, que a laranja ganhou fama em expedições maríti-
mas que levaram à descoberta das Américas, após surgir na
Ásia, andar pela Europa e chegar ao novo mundo, onde fi-
xaria as raízes mais firmes e produziria mais frutos. Por fim,
voltou ao mundo em forma de suco, do qual o Brasil é o
maior fornecedor. Está presente no País desde o início da co-
lonização. A forte área produtora no interior de São Paulo co-
meçou a se estruturar na segunda década do século XX. Já a
grande e concentrada indústria processadora surgiu nos anos
de 1960, após queda da produção norte-americana.
Na década de 1980, o Brasil já passava a liderar a oferta e a ex-
portação de suco concentrado de laranja, com sólida estrutura de tec-
nologia no campo – o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus),
por exemplo, foi fundado em 1977 – e moderno sistema de processa-
mento, transporte e armazenamento. Após, o setor continuou se desen-
volvendo, com altos e baixos, dependendo do mercado internacional, para
onde destina quase a totalidade da produção. Em fase recente, após período de
queda no consumo mundial, ocorreu mais uma vez redução no volume produzi-
do, e o segmento volta a avaliar os melhores caminhos.
“Não houve na história da atividade um período de tamanha turbulência como
nos últimos 15 anos”, comenta Maurício Mendes, do Grupo de Consultores em Citros
(GCONCI), em São Paulo. Faz referência a ataques feitos ao consumo de suco, na contra-
mão da saudabilidade do produto, e problemas de doenças no campo, “modificando e enca-
recendo o sistema de produção nos pomares do Brasil e dos Estados Unidos”. Mas, “apesar de
tudo”, faz uma análise otimista para o setor, em especial para “aqueles que consigam ser eficientes e
competitivos, estejam na produção agrícola, industrial e/ou na distribuição”. Como após cada tempes-
tade vem a bonança, o setor vê outra vez o sol surgir entre as nuvens.
Brilho
de
sol
1,2,3,4,5,6,7,8 10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,...68
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