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Brasil e o mundo passam a
conhecer e a admirar cada
vez mais uma fruta típica da
região amazônica, onde já
tem mercado firme. O açaí,
colhido das palmeiras presentes de modo
natural na paisagem e plantadas em fase
mais recente, ganha ainda maior destaque
na Amazônia e, emparticular, no Estado do
Pará,maior produtor, equedesenvolvepro-
grama de expansão da cultura. Aproveitada
de diversas formas, a polpa já está presente
naalimentaçãotradicionaldapopulaçãolo-
cal e conquista cada vez mais apreciadores
emtodo o País e no exterior.
Além da produção extrativa, que tam-
bém cresce, conforme números levanta-
dos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
n
n
n
Esforços para evoluir
O gerente de fruticultura Geraldo Tavares, da Secre-
taria de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca do Pará
(Sedap), destaca os esforços que estão sendo feitos em
termos de pesquisa, extensão e apoio para o desenvolvi-
mento do açaí, fruta típica no Estado. Segundo ele, está
previsto para 2017 o lançamento de uma nova cultivar
de açaizeiro pela Embrapa Amazônia Oriental, a partir de
pesquisa de 13 anos do especialista João Tomé de Farias
Neto, com perspectiva de, associado à irrigação, possibi-
litar safra o ano todo. Além disso, aponta trabalhos rea-
lizados pelo pesquisador Hever Roger, da UFP, que “pro-
metem revolucionar a médio prazo análises de sanidade e
protocolos de qualidade do suco (polpa)”.
O Estado lançou em 2016 o Programa de Desenvolvi-
mento da Cadeia Produtiva (Pró-Açaí). Para esse fim, infor-
ma Tavares, vêm sendo estreitadas parcerias com institui-
ções como a Emater-Pará e os ministérios da Agricultura e
da Integração Nacional, além de agentes financeiros, visan-
do captação de recursos para consecução dos principais
objetivos: capacitação de técnicos e produtores, para efe-
tivo manejo das várzeas e plantio em terra firme, além do
fomento de sementes selecionadas para produzir mudas.
Em 2017, está prevista a capacitação em 26 municípios das
principais regiões produtoras (Baixo Tocantins e Marajó).
Segmento do açaí no Pará gera
150 mil empregos e R$ 400 milhões
Ganhos
polpudos
Açaíavançacomforça
naregiãoamazônica:
ampliaacadaanoaárea
colhidanoprincipal
Estadoprodutor,o
Pará,emostraboas
perspectivas
Estatística (IBGE), o folgado líder Pará apre-
senta dados cada vezmais significativos de
área de várzeamanejada e terra firme plan-
tada. No plano extrativo, o instituto levan-
tou em2015 a colheita de 216mil toneladas
no País, tendo à frente o Pará, com 126 mil
toneladas (seguido do Amazonas, com 65
mil toneladas, e do Maranhão com 15 mil
toneladas). Com o levantamento mais am-
plo no Pará, a produção neste ano chega a
1, 12milhão de toneladas só neste Estado.
Informações das terras paraenses, já
de 2016, indicam que a produção da fru-
ta cresceu 6,7%, e a área colhida, 22,65%,
como vem ocorrendo a cada ano. Na últi-
ma etapa, a produtividade não correspon-
deu, por razão climática. “O semestre que
antecedeu a safra teve um dos mais pro-
longados períodos de seca no Pará. Condi-
ções desfavoráveis, como altas temperatu-
ras, muito acima damédia do Estado (26º),
e, por conseguinte, alta insolação, além de
umidade de ar reduzida, se somaram à fal-
ta de polinizadores, afetados pela altera-
ção climática”, explica Geraldo Tavares, da
Secretaria de Desenvolvimento Agropecu-
ário e Pesca do Pará (Sedap).
Tavares, que é gerente de fruticultura
da Sedap, observa que as perspectivas da
cultura são “bastante promissoras e ani-
madoras”. Conforme ele, existe mercado
cativo e permanente, que é o paraense,
onde só a capital, Belém, consome aci-
ma de 300 mil toneladas de frutos ao ano,
e um mercado nacional e internacional
responsável por mais de R$ 391 milhões
em 2015. Menciona ainda dados do Gru-
po de Pesquisa Dinâmica Agrária e Desen-
volvimento Sustentável na Amazônia (Da-
desa), da Universidade Federal do Pará
(UFP), de que a cadeia do açaí gera cer-
ca de 150 mil empregos, com crescimen-
to médio de 7,3% ao ano.
Na exportação do Estado (6,2 mil to-
neladas e US$ 22,7 milhões, em 2015), o
representante do governo paraense con-
sidera que apenas Estados Unidos e Ja-
pão representam cerca de 90% do total
vendido, em termos de volume. Comen-
ta que o produto ainda não não foi pro-
movido em escala em feiras internacio-
nais, nem em países potenciais, como
a China, o que, segundo ele, evidencia
existirem grandes mercados disponíveis
a seremexplorados para a venda do apre-
ciado produto amazônico.