Anuário Brasileiro da Fruticultura 2017 - page 43

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Área ficou em 594.936 hectares em
2016, 24% a menos do que em 2009
Embuscade
fôlego
Efeitosclimáticos
adversosnos
últimoscincoanos
afetamaprodução
eaprodutividadeda
cajucultura,quese
articulaparasuperar
asdificuldades
A
cadeia produtiva do agronegó-
cio do caju é considerada uma
das mais relevantes para a eco-
nomiados estadosdoRioGran-
de do Norte, do Piauí e do Cea-
rá, dada sua importância econômica, social,
cultural e ambiental. A cajucultura também
é uma das poucas atividades da agricultura
de sequeiro cuja produção se concentra na
entressafra e que conta com extensa área
disponível e vocacionada para expansão.
Apesar de todos os fatores positivos, nos úl-
timos anos o setor tem sofrido forte retra-
ção produtiva, ocasionada em especial pe-
los efeitos climáticos adversos.
Em2009,aáreaplantadacomcajueirono
Brasil era de 775.225 hectares, enquanto em
2016 esse espaço foi reduzido para 594.936
hectares, queda de quase 24%. No Ceará,
maior Estado produtor do País, a redução foi
depoucomaisde4%,masnoPiauíadiferen-
ça foi de quase 55% a menos. O pesquisa-
dorJoséIsmarGirãoParente,aposentadoda
Embrapa, presidente da Câmara Setorial do
CajudoCeará, destacaqueaproduçãobrasi-
leira de castanha de caju tambémfoi bastan-
teafetadanoperíodoentre2012e2016.
Em2011, anoconsideradodechuvasden-
tro da média nos principais estados produ-
tores do Nordeste, a produção brasileira cor-
respondeu a 230.785 toneladas. Em 2016, a
colheita foi de apenas 79.765 toneladas, com
recuode65%.“AproduçãodoCearásofreure-
traçãoaindamaissignificativaquandosecom-
paraovolumeproduzidoem2011,de111.718
toneladas, comoobtido em2016, quando fo-
ram produzidas apenas 30.763 toneladas, ou
seja,reduçãodequase73%”,pondera.
Conforme Parente, também coordena-
dor técnico do Projeto Intercaju, da Secre-
tariadaCiência, Tecnologia eEducaçãoSu-
perior doCeará, as causas que acarretaram
a queda foram o clima desfavorável nos
principais estados produtores nos últimos
cinco anos e a ocorrência de pragas e do-
enças, além da expressiva mortalidade de
cajueiros comuns de idade avançada devi-
do à prolongada seca.
“Os reflexos negativos das baixas produ-
ções de caju foramsentidos diretamente nas
indústriasdebeneficiamentode castanhade
caju,queseviramobrigadas,porfaltadema-
téria-prima, a paralisar diversas fábricas, afe-
tando de modo significativo as exportações
de amêndoas de castanha de caju (ACC) e do
líquidoda cascada castanha (LCC)”, frisa.
As exportações de ACC alcançaram o va-
lor FOB de US$ 182.015.701, em 2010, e as
de LCC corresponderam a US$ 13.834.155,
em 2011. As exportações de ACC decresce-
ram para US$ 103.206.128 e as de LCC para
US$ 4.453.448, em 2016. No caso da ACC, a
redução das divisas alcançou quase 44%,
enquanto no LCC a retração correspondeu a
quase 70%. Esses fatores também afetaram
a indústria do suco de caju, que não produz
mais do que 60 mil toneladas na atualida-
de, enquanto no passado chegou a produzir
mais de 100mil toneladas.
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Reação imediata
Em virtude da relevância da cadeia produtiva do agronegó-
cio caju para a economia nordestina, sobretudo para o Ceará, a
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), em
articulação comos setores produtivos, representados naCâma-
ra Setorial do Caju, patrocinou a elaboração do Plano de Desen-
volvimento da Cadeia Produtiva do Caju do Ceará (PDCP Caju).
Em síntese, segundo o pesquisador José Ismar Girão Parente, o
objetivoé integrar os diversos atores da cadeiado caju comfoco
na reorganização da governança nos polos de produção, com
vistas a contribuir para elevar a produção, melhorar a produtivi-
dade e a qualidade da castanha, do pedúnculo e dos derivados.
Com essa visão, há necessidade de priorizar projetos de fo-
mento e de P&D inovadores; fortalecer o programa de reno-
vação das áreas de cajueiros improdutivos via substituição de
copa e distribuição de mudas de cajueiro anão precoce; siste-
matizar e monitorar o controle de doenças e pragas, promover
assistência técnica regular e de qualidade e melhorar a eficiên-
cia de processos e produtos na agroindústria do caju.
“Nesse sentido, torna-se imprescindível usar TI para divul-
gação de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológi-
cas e fomentar o crescimento das vendas de produtos e de-
rivados do caju no mercado interno e externo”, enfatiza. “Isso
deve ser feito com vistas a aumentar a renda dos produtores e
a produtividade, principalmente, das micro, pequenas e mé-
dias agroindústrias, dando maior sustentabilidade e competi-
tividade à cadeia do caju”.
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