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Mundo afora
Mesmo enfrentando uma seca considerável, capaz de redu-
zir áreas de produção, o Rio Grande do Norte conseguiu registrar
crescimentode 18%nas exportações de frutas em2016, alcançan-
doUS$ 110milhões de faturamento comos embarques demelão,
mamão, manga e melancia. Foi um crescimento acima da expec-
tativa, baseado na maior produtividade obtida com a introdução
denovas tecnologias, e o comportamento cambial. Ocrescimento
naproduçãode frutasdequalidade tambémsedeveàchegadade
tradicionaisempresasdeproduçãoeexportaçãodoCeará(nocaso
domelão) edoEspíritoSanto (mamão). Odéficit hídriconestes es-
tados favoreceua concentraçãoprodutivaemterraspotiguares.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Expor-
tadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, acredita que
aolongode2017osetordeverácrescerpelomenos10%.Paraisso,
aposta no ingresso domelão potiguar nomercado chinês e na va-
lorização da fruta em dólar no final do primeiro semestre. A área
cultivada também tende a crescer 10% na região, pois há expec-
tativademelhoranaeconomiae, portanto, noconsumonacional.
Em2016, só nas exportações demelão, o Rio Grande do Norte
faturouUS$ 75,3milhões. Oaumentodas vendas externas foi uma
estratégia para enfrentar ummercado interno que sofreu os refle-
xosda criseeconômicaepolítica.
Ograndedo
Norte
Maiorprodutore
exportadordemelão
doBrasil,RioGrande
doNortevêcrescer
aatividadefrutícola
cominvestimentosem
novopolodecultivo
O
Nordeste brasileiro encon-
trou-se há pelo menos duas
décadas com sua vocação de
produzir frutas de alta qua-
lidade, à medida em que os
avanços das tecnologias de irrigação e de
manejo permitiram superar a limitação do
déficit hídrico. Microclimas e solos adequa-
dos,tecnologiasdisponíveiseprodutoresen-
tusiasmadosproporcionaramum panorama
de desenvolvimento de polos frutícolas pro-
missores, que hoje estão consolidados e em
expansão. Entre estes, nos últimos anos ga-
nhou especial atenção o Rio Grande do Nor-
te, referência brasileira – e uma das referên-
ciasmundiais –naproduçãodemelão.
O sucesso alcançado com o melão
atraiu a produção de outras frutas, como
mamão, manga, melancia e abacaxi, para
Além do consolidado polo de Mossoró e
Açu, as frutas agora chegam a Apodi
os vales de Mossoró e de Açu, consolidou
uma das principais feiras de fruticultura do
Brasil, a Expofruit, e agora permite visulum-
brar o avanço dos cultivos para a Chapada
do Apodi, extensão de terras que começa a
despertar interesse pela produção de uvas,
maracujá e frutas cítricas, mais adaptadas
às condições de solo, altitude e clima.
O Rio Grande do Norte é uma das áre-
as de maior dinamismo no campo da pro-
dução de frutas tropicais irrigadas, gra-
ças à modernização tecnológica, a mais de
300 dias de sol ao longo do ano, e às carac-
terísticas edafoclimáticas. Mossoró tornou-
-se centro de logística e industrial, a ponto
de embarcar cargas aéreas semanais para
a Europa e os Estados Unidos, aproveitan-
do janelas de entressafra de outros grandes
produtores mundiais de frutas. O polo Açu/
Mossoró, no nordeste potiguar, tem quase
7 mil quilômetros quadrados e população
próxima de 400mil habitantes.
A modernização no setor é caracterizada
pelos índices elevados de produção e produ-
tividade.Apesardadiversificação,comfrutas
comoamanga e abanana, omelãoéogran-
de responsável pelos bons índices de expor-
tação, fazendo do Estado omaior produtor e
o maior exportador do País nesta fruta. Nas
lavouras de maior tecnologia, a área cultiva-
da em 2016 chegou a 12 mil hectares. O su-
cessopotiguar atraiu investidores deestados
vizinhos, caso dos cearenses da Itaueira, que
assumiupartedaáreadeixadapelaDel Mon-
teemIpanguaçu, noValedoAçu. Os 400hec-
tares cultivados a partir de agosto de 2016,
em investimento de R$ 8 milhões, geraram
600 empregos e 550 contêineres de frutas ex-
portadas viaportodeNatal.
“Alémdas características de solo, a con-
solidação do polo potiguar e da logística
atrai novos investimentos. Vamos crescer
ainda mais”, diz Guilherme Saldanha, se-
cretário da Agricultura, Pecuária e Pesca
do Rio Grande do Norte.
FrancoMarinho, gestor doprojetode Fru-
ticultura e Agroindústria do Serviço Brasilei-
ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) potiguar, aposta na boa reserva de
água, no clima semiárido, nos baixos índices
de umidade e no volume pluviométrico para
oincrementodafronteiraagrícoladopolode
Apodi visando a produção de frutas frescas.
“Já são cerca de 800 produtores, e a tendên-
cia é crescer”, explica. A área irrigada pode
chegar a 8 mil quilômetros. “O caminho é
longo,masestamosandandoapassoslargos
paraumfuturomuitopromissor”, arremata.