Anuário Brasileiro de Hortaliças 2016 - page 55

As principais
MAINVEGETABLES
MANDIOCA
CASSAVA
Altos e
baixos
Expressiva e tradicional no País, a cultura da mandioca é refém de muitas
oscilações, ocasionadas por vários fatores, como o clima e o mercado
Cultura já dos índios nativos do território
brasileiro, a mandioca ainda colocava o País
na liderança mundial do produto no sécu-
lo XX, com volumes de 30 milhões de tone-
ladas. Hoje, na faixa de 23 milhões de tonela-
das e com cultivos em todos os estados, ainda
garante a quarta posição internacional e, inclu-
ída na olericultura, é de longe a principal em
nível nacional. A atividade é caracterizada por
muitas oscilações, que ocorrem, na avaliação
deMethodioGroxko, economista doDeparta-
mento de Economia Rural (Deral), da Secreta-
ria da Agricultura do Paraná, por fatores como
“reduçãonoconsumoanimal, variações climá-
ticas no Nordeste e baixos preços”.
Ciclos de altos e baixos valores pagos
estão presentes na cultura. “Após um pe-
ríodo maior de bons preços, a cadeia pro-
dutiva da mandioca enfrentou crise sem
precedentes durante o ano de 2015”, co-
mentou o analista do Paraná, Estado com
a segunda maior produção da raiz e res-
ponsável por dois terços do amido (fécu-
la) dele derivado. A oferta havia diminuí-
do em 2013, com problemas climáticos do
Nordeste, o que elevou a remuneração no
setor e estimulou o plantio. A disponibili-
dade aumentou, houve dificuldade de ab-
sorção na indústria e os preços caíram.
Compras do governo federal, embora
tardias, propiciaram reação de valores no se-
gundo semestre, ao lado de boa venda do
amido no exterior, a maior em 12 anos. De
qualquer forma, mesmo com o avanço que
observa nas pesquisas, o técnico do Deral
ainda considera pouco representativa a par-
ticipação no mercado externo, ao comparar
com a Tailândia, segunda maior produtora
mundial, que domina 85% do comércio glo-
bal. “É preciso aprimorar as exportações, re-
duzir a ociosidade da indústria de fécula e
aprimorar o consumo interno, como forma
de minimizar altos e baixos e dar estabilida-
de à cadeia produtiva”, diz Methodio.
No entanto, ele já vê sinais de maior de-
manda interna da matéria-prima em produ-
tos como pão-de-queijo e tapioca, além de
possível maior valorização, como alimen-
to com fibra e sem glúten. Ainda segundo
ele, há perspectivas a médio prazo de reto-
mada do crescimento do consumo da fécu-
la da mandioca, que entra na composição
de vários itens industriais, desde a área ali-
mentícia até a de papel, têxtil e química. Em
2016, porém, verifica possibilidade de reto-
mada de importações, diante da previsão de
safra menor e provável aumento de preços.
MAIS E MENOS
Redução era esperada para o Estado do Paraná, onde a rentabilidade negativa de 2015, as dificuldades de crédito e de mão de obra e
o cenário favorável de outras culturas motivaram área quase 10% menor e produção talvez ainda mais prejudicada devido a muitas chu-
vas. Quadro semelhante estava previsto para Mato Grosso do Sul e São Paulo, que, da mesma forma, têm importância no processamento. O
maior Estado produtor, o Pará, por sua vez, ainda deveria ter algum decréscimo, conforme os primeiros dados do Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE), enquanto a Bahia, terceiro maior, mostrava propensão a aumento.
Em nível de Brasil, embora com alguma modificação em fevereiro, o IBGE indicava no início de 2016 possível pequena ampliação de área
e produção. Estimativa era atribuída “a aumento de plantio em alguns estados do Norte, em função, principalmente, de as lavouras de man-
dioca demandarem menores investimentos, e a um clima melhor no Nordeste”. Amazonas chegaria a dobrar a área colhida, para 168 mil
hectares. De todo modo, o quadro ainda estava indefinido e reforçava o que tem dito Carlos Estêvão Leite Cardoso, pesquisador da Embra-
pa Mandioca e Fruticultura: é fundamental maior governança e gestão da cadeia produtiva.
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