O Burley, segunda variedade de tabaco mais cultivada no Brasil, após o Vir-
gínia, teve leve recuperação nas regiões produtoras na safra 2016/17. Depois de
alguns anos com queda acentuada no número de produtores e, por consequên-
cia, no volume, na última etapa a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra)
calcula que 28.930 famílias estiveram envolvidas com a atividade, responsáveis
pela colheita de 80.410 toneladas de Burley. No ciclo 2013/14, eram 33.580 famí-
lias produtoras, que colherammais de 96,5 mil toneladas. Nos anos seguintes o
número de envolvidos coma cultura baixou para 29.790 na etapa 2014/15 e para
26.670 na temporada 2015/16.
Conforme o presidente da entidade, Benício Albano Werner, a queda con-
tinuada deve-se à preocupação e à incerteza dos produtores quanto ao futuro
desse tipo de tabaco. Isso porque uma resolução da Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (Anvisa), lançada em 2012, quer vedar a presença de uma lista de
substâncias em produtos fumígenos comercializados no País. A norma inviabili-
zaria a produção de tabaco Burley, usado nos cigarros do tipo
American blend
,
osmais consumidos no Brasil. Isso porque esse tipo de tabaco necessita de aditi-
vos para repor elementos naturais, que são perdidos durante o processo de cura.
“Como esta questão ainda está em
stand-by
, e certamente os estoques de Bur-
ley caíram nas empresas, a indústria voltou a incentivar a produção desse tipo de
tabaco”, explica. O dirigente lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) ain-
Curva
Regiões produtoras de Burley retomam a produção
desse tipo de tabaco, cujo futuro ainda é incerto no
Brasil em virtude de resolução da Anvisa
ascendente
da deve analisar a ação 4874, movida há mais
de seis anos pela Confederação Nacional da In-
dústria (CNI) para barrar a resolução da Anvisa –
cujo alvo são os cigarros com sabor e aroma. Na
prática, no entanto, o impacto da normativa da
agência pode ir muito além, uma vez que vários
aditivos acrescentados à composição dos cigar-
ros cumprem outras funções, como conserva-
ção, proteção da umidade ou correção de dis-
torções entre teores de açúcar e nicotina.
Enquanto os debates não têmumdesfecho,
o cultivo segue nos estados produtores. No Rio
Grande do Sul, principal produtor, as maio-
res regiões produtoras são Centro-Serra, Vale
do Jaguari e Noroeste no Estado. Em território
gaúcho, são 13.750 famílias produtoras de Bur-
ley, que cultivaram área de 21.470 hectares na
safra 2017/18. A estimativa é de que a produção
chegue a 42.375 toneladas, com produtividade
de 1.974 quilos por hectare. EmSanta Catarina,
onde a atividade está concentrada no Oeste,
são 10.210 famílias produtoras, com área esti-
mada em 11.340 hectares, enquanto no Para-
ná (também no Oeste) são 6.780 produtores e
6.890 hectares cultivados.
Divulgação Marcos Labanca
28.930 famílias
cultivaramBurley
no Sul do Brasil
no período 2016/17
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