Hortaliças, explica que moscas-brancas po-
dem transmitir para as lavouras de tomateiro
dois tipos de vírus: os geminivírus e os criniví-
rus. As plantas com infecção por geminivírus
têm o crescimento paralisado e apresentam
mosaico amarelo, folhas pequenas e encarqui-
lhadas, com pouca floração e redução da pro-
dução. Em caso de infecção precoce da cultu-
ra, as perdas podem chegar a 100% da área.
“Uma grande arma dos agricultores é ouso de
materiais resistentes, mas ainda não existe hí-
brido com resistência completa”, diz. Alice fri-
sa que problemas causados por geminivírus
são maiores nos cultivos de tomate rasteiro,
em que a oferta de cultivares com
resistência, mesmo que de
moderado nível, é baixa.
O crinivírus também é transmitido pela
mosca-branca e afeta diretamente as lavou-
ras. No tomateiro infectado, esse tipo de ví-
rus causa clorose entre as nervuras nas folhas
mais velhas, lembrando a deficiência de nu-
trientes – as folhas se enrolam e ficam com
aspecto quebradiço. Em geral, segundo a es-
pecialista, os sintomas aparecem mais tarde
do que no caso da geminivirose, que surge
com cerca de 40 dias. “Quando se tem infec-
ção causada por vírus, não existe tratamento.
O manejo precisa ser preventivo”, ressalta.
“Uma vez que as plantas são infectadas, não
há o que fazer. Ou o produtor convive com
o problema e esforça-se para maximizar a co-
lheita nessas condições, ou destrói a planta-
ção e começa nova lavoura”.
Conforme a pesquisadora, a Embrapa
Hortaliças trabalha em diversas frentes na
Virologia, com identificação de vírus, avalia-
ção de sua diversidade, estudos epidemio-
lógicos e de manejo, e estudos que dão su-
porte para as pesquisas de melhoramento
em busca de materiais mais resistentes em
relação a essa ameaça. “São anos de dedica-
ção para se atingir os resultados esperados
pelo campo”, argumenta Alice. Enquanto
a ciência faz sua parte, outras medidas po-
dem ser utilizadas pelos tomaticultores para
driblar os problemas causados pela mosca-
-branca. Uma das possibilidades tem sido a
adoção do vazio sanitário, entre novembro e
janeiro, que visa reduzir a fonte de vírus na
época de plantio de tomate.
VIRA-CABEÇA
DOTOMATEIRO
No âmbito das viroses, outro pro-
blema que assusta os produtores de
tomate, industrial e demesa, é a doença
vira-cabeça do tomateiro, causada por
várias espécies de tospovírus. A agrô-
noma Mirtes Lima esclarece que o vírus
é transmitido por insetos conhecidos
comotripes,sendoduasasespéciesmais
importantes noBrasil. “Onome da doen-
çadá-se justamenteporqueos sintomas
ocorrem inicialmente no topo da plan-
ta”, articula. Já os frutos apresentam
anéis necróticos ou cloróticos e ficam
imprestáveis para a comercialização.
ConformeMirtes, uma dasmaneiras
mais eficientes de controlar as viroses é
fazer o manejo do inseto. No entanto,
lembra que no caso dos tripes isso é
mais complicado, uma vez que afetam
muitas espécies de plantas, como hor-
taliças, ornamentais e até plantas dani-
nhas – são mais de mil hospedeiros em
todo o mundo. Além disso, como são
insetos muito pequenos, escondem-se
facilmente dentro das flores e entre as
folhas,protegendo-sedaaçãodos inseti-
cidas. Uma alternativa eficaz para quem
produz tomate é utilizar cultivar com
resistência à infecção pelos tospovírus.
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