Anuário Brasileiro da Uva 2016 - page 61

no Brasil seja do tipo comum (
Vitis labrus-
ca
), menos suscetível ao ataque de insetos
pragas, desde os primeiros cultivos os vitivi-
nicultores precisam superar empecilhos que
sempre surgemnas áreas produtivas. As prin-
cipais pragas associadas à cultura da videira
no Brasil são pérola-da-terra, filoxera, cocho-
nilha, mosca-das-frutas, besouros e lagartas
desfolhadoras, traças dos cachos, e os ácaros,
nas regiões mais quentes. Alémdomonitora-
mento e do controle dessas espécies, a luz de
alerta está constantemente acesa diante da
possibilidade de introdução de novas pragas.
Conforme Botton, a traça europeia dos
cachos, praga que está se disseminando em
todo o mundo, deixa o setor em alerta nos
dias atuais, em especial porque já foi regis-
trada nos vizinhos Chile e Argentina. Outro
receio é com a possível introdução da bacté-
ria Xylella, responsável pela doença-de-Pier-
ce, pois no País são encontradas cigarrinhas,
insetos vetores da doença. Para fazer fren-
te a todos os desafios, a Embrapa Uva e Vi-
nho aposta em diferentes projetos, como o
desenvolvimento de métodos de monitora-
mento através de armadilhas e a recente téc-
nica da captura massal da mosca-das-frutas.
Outras novidades são inseticidas autoriza-
dos para uso no sistema orgânico de produ-
ção e iscas tóxicas para controle de formigas
dispersoras de pérola-da-terra.
MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS
A videira está sujeita ao ataque de diversos patógenos causadores de doenças, que redu-
zem a produção e a longevidade da planta e afetam a qualidade do produto final (vinho ou
suco). Há casos também de doenças que ocasionam a morte das plantas. “Conhecer e iden-
tificar corretamente as doenças é o primeiro passo para um controle mais eficiente”, avalia o
pesquisador Lucas da Ressurreição Garrido, da área de Fitopatologia da Embrapa Uva e Vi-
nho. Conforme o agrônomo, a presença de fungos fitopatogênicos no vinhedo não basta
para o desenvolvimento de doenças, sendo necessários também a presença de cultivares de
videira suscetíveis e o ambiente favorável (temperatura e umidade).
“O controle não deve ser restrito apenas à aplicação de fungicidas, uma vez que para cer-
tas doenças esta medida não tem sido eficaz. A utilização de outros métodos de controle pro-
porciona maior eficiência no manejo das doenças da videira”, esclarece. Dos vários métodos
de controle disponíveis, há aqueles que devem ser executados antes da instalação do vinhedo,
como a escolha do local para plantio, a erradicação do vinhedo anterior, a drenagem, omane-
jo e a correção do solo e a aquisição de mudas da mais alta qualidade genética e fitossanitária.
Outros métodos devem ser adotados como rotina a cada safra, com destaque para a adu-
bação equilibrada, a fim de não favorecer determinados patógenos; o tratamento de inverno
para a eliminação de fontes de inóculo alojado nas gemas e na casca das plantas e a remoção
de partes da planta comprometidos com apodrecimentos internos. Garrido ainda recomen-
da a proteção dos ferimentos ocasionados pela poda, a retirada do vinhedo dematerial infec-
tado da última safra e a utilização de produtos indutores de resistência, que apresentam bai-
xa toxicidade. Além disso, indica a proteção dos tecidos da planta com fungicidas, utilizando
boa tecnologia de aplicação para este fim.
QUALIDADE DESDE AS MUDAS
O projeto "Mudas de qualidade superior", conduzido desde 2013 pela Associação
Gaúcha dos Produtores de Mudas de Videira, pela Embrapa Uva e Vinho e pelo Instituto
Brasileiro do Vinho (Ibravin), difunde técnicas que permitem a produção de mudas de
videira com máxima qualidade. "O sucesso de um parreiral, com boa produção de uvas,
começa com uma muda de qualidade, que poderá ser adquirida num viveirista ou pro-
duzida na propriedade, desde que seguidas algumas condições técnicas", ressalta o ana-
lista Daniel Grohs, da Embrapa Uva e Vinho.
A iniciativa, conduzida no âmbito da Rede de Inovação em Viticultura (Recivitis/Sibra-
tec), com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), objetiva oferecer
mudas de videira commais qualidade fitossanitária no Brasil, a partir da melhoria técnica
dos viveiros comerciais. Um dos principais pontos abordados no projeto é a importância
de o viveirista adquirir material genético de qualidade sanitária e genética superior, tor-
nando-se licenciado Embrapa. Hoje, são 10 empreendimentos lincenciados, distribuídos
por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco.
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