A hora é agora
Produtor de milho temmuitos estímulos para plantar mais na próxima
safra, diante da previsão de preços altos e estoque baixo no início de 2017
O Brasil deve começar 2017 com estoque
de milho bem apertado e com preços altos.
Essa era a perspectiva, no início de julho de
2016, do agrônomo Thomé Luiz Freire Guth,
analista de mercado da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab). "Esse cenário de-
corre da quebra de produção do milho de
segunda safra 2015/16, do ritmo forte de ex-
portação e do alto volume de negociações an-
tecipadas em2016", detalha.
Segundo ele, com o andar da colheita da
segunda safra 2015/16, havia tendência de
queda de preços limitados na paridade de
exportação. "Desta forma, a parte comprado-
ra da cadeia produtiva do milho (o setor de
produção animal) deve estar atento ao mo-
mento de adquirir o produto para não cor-
rer o mesmo risco deste início de 2016", ob-
serva. Para o ex-ministro Alysson Paolinelli,
presidente executivo da Associação Brasilei-
ra dos Produtores de Milho (Abramilho), os
clientes deveriam aproveitar a colheita da sa-
frinha, ou "safrona", para comprar, porque,
do contrário, o grão iria para exportação.
Na avaliação de Guth, à medida em que
ocorressem os embarques nos portos, a ofer-
ta do grão poderia cair. Essa redução po-
deria ser compensada por um possível au-
mento da produção do milho de primeira
safra 2016/17. No entanto, a possibilidade
de avanço do cereal poderá ser limitado pela
soja, que se encontra com valo-
res tanto externos (Bolsa de
Chicago) quanto inter-
nos bem aquecidos.
De acordo com
Paolinelli, o preço iria reagir porque não teria
como cair, tendo emvista quemilho e soja são
os dois produtos mais demandados.
O consumo interno de milho está estima-
doem56milhões de toneladas e a exportação
já ultrapassara a 30 milhões de toneladas em
2015. Portanto, a demanda total gira em cerca
de 90 milhões de toneladas. A disputa entre
mercado interno e externo deverá continuar
acirrada enquanto o Brasil não elevar a pro-
dução. Guth acrescenta que o produto na-
cional vem se tornando bem competitivo no
mercado externo com o advento das regiões
portuárias do Arco do Norte
– as saídas por rios na região
Norte do País. Com isso, o
Brasil poderá exportar
ainda mais milho.
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Sílvio Ávila