Anuário Brasileiro do Milho 2016 - page 69

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agrônomo Álvaro Vilela de Resende, da
Embrapa Milho e Sorgo, explica que é
comum os produtores continuarem adu-
bando as plantações com quantidades fi-
xas de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potás-
sio (K), mesmo em áreas altamente férteis,
por temerem redução de produtividade.
“Considerando que corretivos e adu-
bos representam 30% ou mais dos custos
em sistemas de produção de grãos, surge
aí excelente oportunidade de otimização
do manejo das lavouras nesses tempos di-
fíceis para a economia nacional, que afetam
também a renda do agricultor”, justifica. O
doutor em Solos e Nutrição de plantas con-
sidera que uma adubação mais eficiente é
fundamental para a competitividade da pro-
dução de grãos, como no binômio soja-mi-
lho – culturas que respondem por cerca de
50% do consumo de fertilizantes no País.
No âmbito da pesquisa agrícola, Resen-
de destaca que se buscou aferir as respos-
tas à adubação em sistemas de produção
em plantio direto em solos de fertilidade
construída, visto que ainda não se dispu-
nha de recomendações conclusivas sobre
o assunto. “A partir de estudos em fazen-
das de produção comercial de grãos, com-
provou-se a viabilidade de, por meio de
monitoramento da fertilidade do solo com
análises periódicas, associar o grau de tam-
ponamento das reservas nutrientes ao re-
dimensionamento da adubação praticada
pelo agricultor”, afirma.
Os resultados demonstraram que é
possível identificar condições de mane-
jo que permitem conciliar menor gasto
com adubação, uso mais eficiente de fer-
tilizantes e maior rentabilidade no cultivo
de grãos em solo de fertilidade construí-
da. Foram realizados vários estudos, de-
senvolvidos no âmbito do Portfólio Supri-
mento de Nutrientes para a Agricultura
Brasileira e envolvendo várias unidades
de pesquisa da Embrapa e de parceiros
externos. O principal projeto vinculado
foca na eficiência do uso de fertilizantes e
na validação de novas tecnologias.
Alta sensibilidade
O agrônomo Álvaro Resende, pesquisador em fertilidade de solo e adubação, destaca que, contrariando a expectativa de muitos,
o milho mostra-se mais sensível às variações de fertilidade do solo e mais responsivo do que a soja aos investimentos na adubação de
manutenção em solos de fertilidade construída. “Infelizmente, ao pensar no sistema de culturas, parcela significativa dos produtores
prioriza a adubação da soja”, lembra. “Visando ganhar rendimento operacional, sobretudo na safrinha, muitos deixam de adubar dire-
tamente a cultura do milho com P e K e contam apenas com o residual do fertilizante que foi aplicado na soja”.
Como alternativa menos drástica, Resende conta que alguns produtores acrescentam uma parte do que é requerido pelo milho na
adubação feita para a soja, aumentando o efeito residual. “Paradoxalmente, a adubação de arranque feita no sulco de semeadura surte
mais efeito para o milho e não deveria ser abolida, sobretudo no caso de lavouras de sequeiro”, frisa. Apesar de cômodos para a roti-
na operacional das fazendas, pondera que esses desvios no manejo da adubação acabam sendo pouco racionais quando se almeja tra-
balhar de forma eficiente em sistemas de alta produtividade.
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