Jornal da Emater - Julho 2017 - page 14

TIAGOBALD
O
ano de 2017 já entra na história re-
cente como um dos mais satisfató-
rios para os apicultores no que diz
respeito ao volume de mel produzi-
do. Foi uma safra de fartura, catapultada pelo
clima adequado para as plantas, que floresce-
ram com todo o seu potencial, e também para
as abelhas, que tiveram plenas condições am-
bientais para trabalhar. O resultado dessa con-
dição favorável, aliada aomanejo qualificado e
cada vez mais profissional realizado pelos pro-
dutores, foram colmeias atingindo 80 e até 90
quilos de mel durante a colheita. Em situações
“normais”, colhem-se 15 ou 20 quilos por caixa.
“Isto mostra o potencial da atividade”, ob-
servaoassistente técnico regional emApicultu-
ra eMeliponicultura da Emater/RS-Ascar, Paulo
Conrad. Ele explica que as temperaturas eleva-
das e a ausência de chuvas favorecerama ação
das operárias, que levavammais alimentopara
as colmeias, estimulando as rainhas a aumen-
tar a postura. Ainda assim, já pensando na pró-
xima safra, as condições climáticas atuais po-
dem ter efeito negativo, uma vez que plantas
que brotamnormalmente emsetembro podem
iniciar a brotação de forma antecipada. “Caso
haja frio posteriormente, isto certamente im-
pactará na quantidade de floração”, pondera.
De acordo com Conrad, o mesmo tipo de
desregulação pode acontecer na colmeia, com
enxames mais fortes no meio do ano, o que
não seriaoconvencional. “Onormal nestaépo-
Docecolheita
Produtoresdemel
celebramumadas
melhoressafras
recenteseEmater/
RS-Ascarprojeta
opróximoano
paraosapicultores
APICULTURA
ca é ter enxame menor e mais adequado para
enfrentar o período do inverno”, explica. Para
o técnico, o mesmo vale para as plantas, que
florescerão menos na primavera caso brotem
agora, emperíodo emque deveriamestar des-
cansando. “Mas se há boa notícia é a de que o
clima é totalmente imprevisível, sendo impos-
sível projetar frustraçõespor contadeumapos-
sível enxameação antecipada”, ressalta.
E seapróxima safraédifícil de ser projetada,
os produtores ainda celebram a boa colheita
feita no biênio 2016/2017. E pretendem garan-
tir números parecidos apostando no manejo
adequado. Éocasodoagricultor
HarleWeidle
,
de Bom Retiro do Sul. Com 300 caixas de abe-
lhas espalhadas por 14propriedades da região,
colheu média de 60 quilos de mel por colmeia
nesta safra. Mel que é embalado e vendido em
feiras, supermercados e por meio do Progra-
ma Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
emembalagens de500gramas eumquilo, pro-
duzidas na agroindústria da família, que leva o
nome de Primavera.
“Foi uma safra muito superior à do ano an-
terior, quando foi colhida a metade deste volu-
me demel por caixa”, lembra Weidle, hoje com
67 anos, mas apaixonado por apicultura des-
de a juventude. Ao lado da esposa
Nelsi
, viu o
hobby
inicial virar negócio “de verdade” após a
aposentadoria. “Foi umprocessonatural, quese
inicioulánocomeçodosanos2000, quando im-
plantei três caixas de abelhas para a produção
de mel para a família”, diz. De lá para cá, muita
coisamudou, coma saída da informalidade e a
consolidação do empreendimento, que coloca
a produção demel como a principal cultura na
propriedade, localizada emLinha Pinhal.
Weidle faz questão de ressaltar que a boa
safra tem a ver, sim, com o clima, mas tam-
bém com o manejo, que envolve troca de fa-
vos velhos e alimentação das abelhas em
períodos de escassez de alimentos, entre ou-
tras ações. “A gente fica experiente e passa
a fazer naturalmente a leitura de cada enxa-
me”, orgulha-se, sem ignorar a importância
dos cursos e das capacitações, muitos reali-
zados com o apoio da Emater/RS-Ascar, que
frequentou durante todos esses anos. “Sem-
pre se aprende alguma coisa com trocas de
experiências e conhecimentos que vão quali-
ficando os procedimentos”, analisa.
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