Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 104

ArtigoEspecial
LuizCarlosCorrêaCarvalho
Presidente da AssociaçãoBrasileira do Agronegócio (Abag)
Sinaisque
autorizam
ânimorenovado
expectativa é de que no segundo semestre de 2017 o cenário seja bem
melhor, comqueda na taxa de juros e contínua redução da inFLAÇão
A
pesar de 2016 ter sido marca-
do por forte turbulência polí-
tica e econômica, o Produto
Interno Bruto (PIB) do agro-
negócio ainda conseguiu cres-
cimento que deve ter ficado entre 2,5% e
3%. As exportações foram superiores a
US$ 85 bilhões, incremento de 2,5% sobre
2015, e o saldo comercial deve ser de US$
70 bilhões. Para 2017, as expectativas ain-
da são difíceis, com a necessidade clara de
se criar uma maior sintonia entre Legislati-
vo, Executivo e Judiciário, demaneira a que
possamos chegar a 2018 com crescimento
econômico mais consistente. Acreditamos,
no entanto, que já no segundo semestre de
2017 tenhamos um cenário melhor, com
queda na taxa de juros e contínuo proces-
so de redução da inflação.
Aliado a essa conjuntura mais favorá-
vel, podemos imaginar ainda que a Refor-
ma da Previdência será bem encaminhada
e que as questões de logística e infraestru-
tura comecem a ser solucionadas. Já do
ponto de vista do crédito, é possível que
possamos ter, em consequência do am-
biente econômico menos conturbado, o
restabelecimento do depósito à vista dos
bancos, que acaba gerando mais crédi-
to rural, queda no nível de endividamento
das empresas, confirmando perspectivas
mais animadoras para 2018. Vai ser essen-
cial atravessarmos bem 2017 para termos
eleições mais claras em 2018 e pensarmos
emquatro anos mais positivos à frente.
No tocante ao comportamento das
principais
commodities
, acreditamos que,
se o câmbio ficar na faixa de R$ 3,50 a R$
3,70, os produtores de soja, milho, cana,
café e laranja deverão passar com certa
folga por 2017. Há também tendência de
a área de carnes ter melhora no segundo
semestre. No campo geopolítico, o Brexit,
na Europa, e a eleição de Trump, nos Esta-
dos Unidos, podem ter impactos que ca-
racterizem a não existência de novos mer-
cados, e o País poderá, eventualmente,
ter exportação menor. Também precisa-
mos ver quais as consequências de uma
elevação mais acelerada das taxas de ju-
ros nos EUA sobre os preços das
commodi-
ties
, mas, se o PIB crescer ao redor de 2%,
como a Confederação da Agricultura e Pe-
cuária do Brasil (CNA) está prevendo, 2017
deve ser positivo para o País.
Em boa medida, esse clima favorá-
vel se deve a alguns avanços concretos do
novo governo. Um exemplo claro é a atu-
ação da nova gestão do Ministério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
que tem se pautado por um intenso traba-
lhode aproximação comosmercados asiá-
ticos, o que é espetacular para nós do agro.
Além disso, ele conseguiu reabrir o merca-
do dos EUA para a carne bovina brasileira.
Outro ponto que destacamos na atuação
do Mapa é a conscientização da importân-
cia de se ter umPlano Safra plurianual.
Também vale ressaltar a renovada atu-
ação do Itamaraty, hoje muito mais prag-
mático e menos ideológico, voltado para
a abertura de novos mercados e a pros-
pecção de acordos de interesse do se-
tor privado nacional. Por fim, é importan-
te salientar a grande melhoria ocorrida no
Ministério de Minas e Energia, que abriu o
diálogo com o setor sucroenergético para
uma discussão madura e moderna sobre a
questão do etanol e da bioenergia.
Por todos esses fatores, entendemos
que diminui a importância de problemas
remanescentes, como o baixo percentu-
al de seguro agrícola, a persistência da bu-
rocracia, que ainda perdura em alguns ór-
gãos, e os gargalos ainda existentes na
infraestrutura logística. Mas alguns passos
já demos na direção correta.
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