U
m estudo recente comprova:
mais de 80% dos produtores
de tabaco do Sul do Brasil,
que concentra 97,5% da pro-
dução nacional, integram as
classes econômicas A e B, bem acima da
realidade brasileira. Sua renda
per capita
média pormês é de R$ 1.926,73, enquanto
a média geral no País fica em R$ 1.113,00,
conforme apurou o Centro de Estudos e
Pesquisas em Administração (Cepa) da
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (Ufrgs), em 2016. Neste ano, 144 mil
famílias produtoras da região receberam
R$ 5,23 bilhões, valor maior que o da sa-
fra anterior, mesmo com volume menor, o
que incentivou a elevação de 10% na área
para o ciclo 2016/17.
“Surpreendeu de forma positiva a ele-
vada renda para produtores do seu porte e
a expressiva posse de bens, a partir da dis-
ponibilidade de energia elétrica, a exem-
plo da máquina de lavar (96%) e de secar
roupa (65%) e ar condicionado (21%)”, co-
mentou Luiz Antonio Slongo, professor da
Ufrgs e coordenador do estudo. Chamou-
-lhe atenção ainda o elevado grau de satis-
fação (90%) constatado com o trabalho na
atividade agrícola e de interesse (85%) ma-
nifestado emcontinuar na cultura.
A valorização da safra 2015/16 regis-
trou incremento próximo a 40% na com-
paração com a antecedente nos três ti-
pos produzidos no Sul para fabricação de
cigarros (Virgínia, em sua maioria, 87%;
além de fumos de galpão Burley, 12%; e
Comum), conforme a Associação dos Fu-
micultores do Brasil (Afubra). Problemas
climáticos na temporada reduzirama pro-
dutividade (que, de modo geral, é eleva-
da a cada safra, junto com a qualidade),
o que influiu no faturamento e na decisão
para o próximo ciclo, registra Benício Al-
bano Werner, presidente da entidade.
Cerca de 85% da produção, em média,
édestinada aoexterior (Bélgica, China e Es-
tados Unidos são maiores compradores) e
o Brasil, segundo maior produtor mundial,
lidera exportação, respondendo por cerca
de 30% do total comercializado no mun-
do. Em 2015, com maior disponibilidade,
o volume embarcado pelo País (99,4% do
Sul) cresceu 8,6%, mas em 2016, com safra
menor, a expectativa era de redução. “Com
preço competitivo, o Brasil deve continuar
a liderar as exportações do setor, pela qua-
lidade e pela integridade do produto, além
de avanço cada vez maior na sustentabili-
dade da produção”, destaca Iro Schünke,
presidente do Sindicato Interestadual da
Indústria do Tabaco (SindiTabaco).
A produção brasileira na cultura é com-
pletada com o plantio tradicional, desde
o descobrimento do Brasil, na região nor-
destina, e destinada em especial a cha-
rutos, com 95% também exportados. De
acordo com o Sindicato das Indústrias de
Tabaco do Estado da Bahia (Sinditabaco-
-BA), o setor, que já era mais expressivo
na região, ainda gera 4 mil empregos dire-
tos e outros 10 mil indiretos. Pelo levanta-
mento feito na Afubra, os demais estados
brasileiros tinham 14 mil famílias produ-
toras na safra 2015/16. Somadas às do Sul
(Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Para-
ná), totalizaram 158 mil famílias envolvi-
das na atividade no País, ou 633 mil em-
pregos só na área rural.
Felizda
vida
Culturaregistraaltarendaemuitasatisfação,oqueestimulanovo
incrementonasafra2016/17naprincipaláreaprodutora,noSuldoBrasil
RECONHECERAIMPORTÂNCIA
O segmento busca manter e ver reconhecida a sua grande importância econômica e social no País, com vários desafios diante de
constantesmedidas regulatórias e restritivas, no âmbitomundial da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco. Em2016, procurou
enfatizar mais uma vez suas posições em vista da 7ª Conferência das Partes (COP 7) realizada na Índia e com gestões junto ao gover-
no brasileiro, onde encontroumaior abertura recente, registrando inclusive visita doministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, ao polo de produção do Rio Grande do Sul.
Uma das questões que preocupa em especial é o crescente contrabando de cigarros do Paraguai (já chega a 35% do consumo to-
tal), influindo na menor demanda dos produtos lícitos e na arrecadação de tributos. Aquisição e consumo de produtos ilegais ainda
geram receita para financiar outras atividades ilícitas, como tráfico de armas e drogas, alerta a Associação Brasileira da Indústria do
Fumo (Abifumo), por meio do diretor executivo Carlos Galant. A entidade crê e defende que é possível frear a comercialização de ci-
garros contrabandeados “a partir de uma tributação equilibrada e coerente, e da inteligência no monitoramento das divisas do País,
onde é preciso incrementar e incentivar as forças de segurança”.
99