Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 97

U
manoturbulentonãoimpediu
a suinocultura de crescer. Com
custos inflados pelo grande
aumento nos preços domilho,
principal componente da ali-
mentação dos animais, em especial no pri-
meiro semestre, e com reflexo da crise eco-
nômica na demanda interna, o que salvou
o setor em 2016 foi a exportação, que apre-
sentou forte crescimento, na faixa de 30%
em termos de volumes. Assim, a Associa-
ção Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
previa no início de dezembro que a produ-
ção de carne suína deveria registrar incre-
mento de 2,4%no total do período.
O ano foi bastante difícil, sobretudo
pela questão domilho, e o suinocultor não
conseguiu repassar esse custo ao preço,
mesmo que não chegasse a ser ruim, ob-
servou Nilo de Sá, diretor executivo da As-
sociação Brasileira de Criadores de Suínos
(ABCS), no
Anuário Brasileiro de Aves e Suí-
nos 2016
, da
EditoraGazeta
. A indústria tam-
bém teve dificuldades para repassar custos,
mas encontroualgumequilíbrio comobom
desempenho das exportações, afirmou Rui
Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA.
“O ano foi marcado pela descapitalização
e pela dificuldade financeira dos produto-
res”, completou Valdecir Folador, presiden-
te da Associação dos Criadores de Suínos
do Rio Grande do Sul (Acsurs).
O suinocultor amargou prejuízos, com
o crescimento dos custos médios na or-
dem de 30% em relação ao observado em
2015 nos polos produtivos da região Sul,
a partir da valorização de 55% no milho,
comentou em balanço do ano a Confede-
ração da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA). A crise só não foi pior porque omer-
cado sustentou os preços, avaliou a enti-
dade, mencionando a contribuição da as-
censão das exportações para equilibrar a
oferta e a demanda emmeio à retração do-
méstica, assim como da valorização da re-
ferencial carne bovina. De qualquer forma,
segundo a ABPA, a oferta interna diminuiu
3,5%e o consumo
per capita
, 4,9%.
Mesmo com a diminuição da oferta in-
terna, o estímulo da forte elevação das ex-
portações permitiu expandir a produção,
acentuou Francisco Turra, presidente exe-
cutivo da ABPA, no início de dezembro.
De janeiro a novembro de 2016, conforme
os números da associação, os embarques
chegaram a apresentar elevação de 34%
na comparação com o mesmo período do
ano anterior. No fechamentodo ano, a esti-
mativa era de que o índice ficaria em 30%,
como que o volume exportado atingiria re-
corde, na ordem de 720 mil toneladas, en-
quanto a receita cambial cresceria 13%,
para US$ 1,444 bilhão.
Subidacom
turbulência
Aproduçãobrasileiradecarnesuínacresceu,mesmoemmeioàs
dificuldadesde2016,apoiadanaexpressivaelevaçãodasexportações
ALTOSPATAMARES
O crescimento mais expressivo nas exportações foi o registrado nas vendas para a China, maior produtor e consumidor mundial,
que passou a representar o terceiro maior destino, logo após Rússia e Hong Kong, os principais mercados da carne suína brasileira.
Em2015, o gigante asiático ocupava a 11ª posição e começou a aumentar as importações após redução drástica da produção interna,
por questões ambientais, de acordo com informações da CNA. Em 2017, quando a ABPA espera nova elevação (de até 5%) nas expor-
tações dos produtos suínos, há expectativa de habilitar mais plantas industriais para a China, bem como abrir mercado na Coreia do
Sul e mesmo no México (“efeito Trump”), além da África do Sul.
Ainda em 2017, a ABPA crê na influência de possível recuperação econômica no consumo, com patamares semelhantes aos de
2015, assim como a produção suína continuaria a crescer na faixa de 2%e teria custos menores. Para os próximos anos, tendência ex-
pressa por vários organismos é de que o setor manterá a evolução, respaldada de modo especial na exportação. OMinistério da Agri-
cultura, Pecuária e Abastecimento projeta até 2026 crescimento de 31,3% na produção, 29,4% no consumo e 43,1% na exportação.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por sua vez, prevê índice semelhante no plano produtivo, mas considera
que as vendas internas avancem 23% e as externas, até 75%.
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