O
Programa de Melhoramen-
to Genético do Instituto Rio
Grandense do Arroz (Irga)
mantém desde a década
de 1970 a avaliação de ge-
nótipos de arroz no viveiro de brusone, e
as cultivares lançadas são resistentes aos
ataques do fungo
Magnaporthe oryzae
. O
instituto avalia, em média, sete mil genó-
tipos visando resistência à doença. O tra-
balho é realizado em um viveiro no in-
terior de Torres, no Litoral Norte do Rio
Grande do Sul, onde são criadas todas as
condições favoráveis à ocorrência da do-
ença. “Sob alta pressão, as variedades são
testadas, o que nos dá garantia de que se-
rão resistentes a campo”, revela o diretor
técnico do Irga, Maurício Fischer.
Opatógeno ataca as plantas suscetíveis
nas fases vegetativa e reprodutiva, sendo
a última aquela que mais apresenta da-
nos, pois interfere diretamente na forma-
ção dos grãos. A doença, emcasos severos,
destrói até 100%da lavoura. Por isso, além
de ter três possíveis materiais resistentes
para lançar nas próximas temporadas, o
Irga, em parceria com a Universidade Fede-
ral do Rio Grande do Sul (Ufrgs), está desen-
volvendoprojetoquevisaomonitoramento
do patógeno e o melhoramento genético
do arroz para resistência à fitopatologia.
“Vamos fazer o levantamento das ra-
ças de
Pyricularia oryzae
presentes no Rio
Grande do Sul, juntamente com o sequen-
ciamento e as análises de genes de resis-
tência nas cultivares-elites do Irga visan-
do incorporar essa carga genética em uma
nova cultivar, de forma a tornar a expres-
são desta imunidade uma característica
mais duradoura no campo”, explica Cláu-
dio Ogoshi, pesquisador do instituto. A
primeira fase do projeto tem dois anos de
prazo, mas deve ser uma das linhas per-
manentes do melhoramento genético e
Irga possui três materiais promissores para lançar nas próximas safras
PROjETODEPESqUISAVAI IDENTIFICARAS
RAÇASDOFUNGOEASCARACTERíSTICAS
DERESISTÊNCIAGENéTICADASPLANTASDE
ARROZPARAGERARMAISVARIEDADES
da fitotecnia do Irga. O Fundo Latino-Ame-
ricano de Arroz Irrigado (Flar) e o Centro In-
ternacional de Agricultura Tropical (Ciat),
com base na Colômbia, dão suporte trans-
ferindo conhecimentos e genótipos como
fonte de resistência à enfermidade e carac-
terísticas agronômicas desejáveis.
Marcelo Gravina de Moraes, doutor em
Fitopatologia e pesquisador da Ufrgs, é res-
ponsável pela identificação das raças de
fungo presentes no Rio Grande do Sul. “O
desconhecimento dos genes de resistên-
cia e a falta de ummapeamento das raças e
de seu comportamento tornam ainda mais
complexo e difícil o controle. Por isso, este
trabalho se reveste de tamanha importân-
cia”, destaca. Para o cientista, a doença ex-
pandiu-se rapidamente e alcançou nível de
dano preocupante no Sul do Brasil porque
havia a presença do patógeno, e este en-
controu condições ambientais favoráveis e
hospedeiros suscetíveis. “Esse triângulo é
determinante e temos de aprender a inter-
pretá-lo visando o manejo integrado da do-
ença, por exemplo”, resume. Entende que
é questão de tempo encontrar novos cami-
nhos, mas a luta entre o homem e o fungo
ainda vai durarmuito tempo.
Omapada
mina
Robispierre Giuliani
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