A
Empresa Brasileira de Pesqui-
sa Agropecuária (Embrapa)
lançou duas variedades de ar-
roz na temporada. A BRS A701
CL é a mais recente, assinada
pela Embrapa Clima Temperado, de Pe-
lotas (RS), com apoio da Embrapa Arroz e
Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO). A
variedade contém gene de resistência a
herbicidas do grupo das imidazolinonas
(CL), voltada ao controle do arroz verme-
lho e outras invasoras, e foi desenvolvida
em parceria com a Basf, que detém os di-
reitos sobre a tecnologia Clearfield.
De acordo com o pesquisador Ariano
Martins de Magalhães Júnior, do programa
demelhoramento genético da Embrapa Cli-
ma Temperado, a BRS A701CL foi desenvol-
vida para combinar as boas características
agronômicas da BRS 7 Taim com a resis-
tência ao herbicida Kifix (imazapir + imaza-
pique) da cultivar Cypress CL. A variedade
tem ciclo médio (130 dias da emergência à
maturação), alto potencial produtivo, resis-
tência ao acamamento e ao degrane e mo-
derada resistência à toxidez de ferro. A pro-
dutividade média da BRS A701 CL, na rede
deensaiosdevalor decultivoeuso (VCU) no
Estado do RioGrande do Sul, foi de 8,6 t/ha.
O rendimento industrial, em condi-
ções normais de ambiente e manejo da
lavoura, pode atingir 64% de grãos intei-
ros polidos com renda total de 72% e o
peso de mil grãos é de 24,45 gramas. É
moderadamente resistente às principais
doenças encontradas na lavoura de arroz
irrigado, como brusone na folha e na pa-
nícula, mancha de grãos e mancha par-
da, mas há moderada suscetibilidade à
mancha estreita das folhas.
SABOR ORIENTAL
A Embra-
pa está investindo também no melhora-
mento genético de arroz para atender a
nichos de mercado. Há dois anos lançou
a BRS AG, ou “arroz gigante”, para atender
o mercado de rações animais e, principal-
mente, produção de etanol de arroz. Com
a crise econômica e o encarecimento do
crédito, as usinas não foram instaladas,
as safras tiveram quebra e não houve de-
manda pelo grão, que segue no portfólio,
à espera de oportunidade. Esta variedade
não é dirigida à alimentação humana.
No segundo semestre de 2016, a Em-
brapa ClimaTemperado,mais uma vez com
apoio da unidade de Goiás, lançou a culti-
var BRS 358, de grão curto, dirigida a aten-
der o nicho demercado crescente no Brasil
que é a culinária japonesa. “A procura por
variedades especiais vem crescendo. Há
demanda”, explica o pesquisador Ariano
Martins de Magalhães Júnior, da Embrapa
Clima Temperado. O grão tem baixo teor
de amilose, característica que o torna mais
“grudadinho” após o cozimento.
Agulhinhaouparaculináriajaponesa,
mercadoseabreparaaproduçãoeo
consumodevariedadesdearrozque
atendamaosmaisdiversosgostos
Emmuitas
frentes
Embrapa vai passar a produzir novas cultivares para nichos de mercado
As indústrias brasileiras importam grão
e sementes da Ásia para suprir a deman-
da e abastecer os supermercados brasilei-
ros. Nas lavouras, as cultivares importadas
apresentam baixo rendimento por falta de
adaptação ao clima e ao solo. A variedade
da Embrapa não tem esse problema: reúne
as características do grão “japonês” e está
adaptada ao clima brasileiro.
Na temporada 2016/17 foramcultivados
os primeiros 210 hectares, com sementes
e produção exclusiva da empresa Josapar,
que detém a marca Tio João, entre outras.
No pico de preços das cultivares agulhinha,
em 2016, uma saca de 50 quilos alcançava
R$50,00. Pela faltadoprodutodegrãocurto
no mercado, uma saca para culinária espe-
cial chegava a valer R$ 100,00, o dobro. Em
média, o valor ao arrozeiro oscila entre 30%
e 50%acima das variedades comuns.
No campo, a produtividade média é si-
milar à do arroz agulhinha, em torno de
150 sacos por hectare (7,5mil quilos), mas
a indústria paga o equivalente a 1,5 vez o
preço do arroz comum, o que equivale a
225 sacas de longo-fino, pela média. O li-
mitante da BRS 358 é o banco de semen-
tes de outros tipos de arroz, o que exige
que seja cultivada em áreas “limpas”, ou
seja, onde não houve cultivo do cereal.
Outra alternativa seria a rotação com áre-
as de soja em terras baixas. E outras no-
vidades virão. Magalhães Júnior antecipa
que a Embrapa vai trabalhar no sentido
de transformar todas as suas variedades
para o sistema CL e também vai desen-
volver cultivares para nichos de mercado,
como arroz colorido, aromático e arbório,
para culinária italiana.
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