O
setor arrozeiro considera que
há fatores que podem ser
ajustados no Programa de
AnálisesdeResíduosdeAgro-
tóxicos em Alimentos (Para),
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Por parte da indústria, a preocupa-
ção vai mais longe, e está direcionada à fis-
calização do acondicionamento do cereal
nos armazéns do atacado e do varejo.
“Fatores como transporte, empilha-
mento excessivo ou equivocado, local de
estocagem, danos às embalagens, mau
acondicionamento, umidade e tempera-
tura, entre outros, podem afetar a quali-
dade do produto final que chega ao con-
sumidor, e a indústria não tem controle
sobre isso”, disse André Barretto, vice-pre-
sidente da Associação Brasileira da Indús-
tria do Arroz (Abiarroz). “Seria necessá-
rio ampliar este tipo de fiscalização, para
evitar que as empresas sejam responsa-
bilizadas por algo que está fora de seu al-
cance”. O alerta foi feito em reunião da Câ-
mara Setorial Nacional do Arroz.
Quanto aos resíduos, segundo ele, o re-
latório da Anvisa não surpreende ao se-
tor: apenas ratifica que a indústria brasilei-
ra obedece a critérios de qualidade rígidos,
previstos em lei, e está entre as de melhor
tecnologia aplicada ao beneficiamento do
arroz. “Nossa cadeia produtiva trabalha
para garantir um alimento seguro e de qua-
lidade”, frisa. “O resultado do produto que
chega à mesa do consumidor retrata esse
esforço, esse compromisso e esse carinho
Tratamentosdiferentesparaoarroz
nacionaleparaocerealimportado,
queusaagrotóxicossemregistrono
Mapa,geramdesconfortonosetor
com o qual tratamos o arroz, que não é só
um produto, mas a razão da vida de muita
gente que trabalha neste setor”.
Para Daire Coutinho, presidente da Câ-
mara Setorial Nacional do Arroz, ligada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (Mapa), é preciso que o governo
federal e a Anvisa normatizemas regras so-
bre o arroz importado. “Estamos vivendo
situação de dois pesos e duas medidas. A
lavoura brasileira não pode usar uma série
de produtos não aprovados pelo Ministé-
rio da Agricultura, mas os países do Merco-
sul e até da Ásia usam esses produtos sem
nenhum registro e não há fiscalização sani-
tária eficiente ou regras que impeçamo in-
gresso do grão nestas condições para con-
sumo no Brasil”, observa.
Em seu entender, não é uma questão de
mercado, mas de saúde pública. “É preciso
que se tomeprovidências no sentidode res-
guardar a qualidade do cereal. Depois que
semistura e o produto chega aomercado, é
muitomais difícil controlar”, avisa.
Doispesos,
duasmedidas
Entidades entendem que as regras são rígidas só para o produto nacional
Sílvio Ávila
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