Furou o balde
Trajetória de crescimentoda produçãode leite é interrompida no Brasil,
com preços e custos desfavoráveis e demanda prejudicada devido à crise
No topo, queda menor
Assim como ocorreu com as maiores
fazendas, os principais laticínios que
operam no Brasil mantiveram crescimento
em 2015, mas também emmenor
intensidade. De acordo com informações
divulgadas pela Associação Leite Brasil,
com base em levantamentos feitos com
mais entidades do setor, os 15 maiores
estabelecimentos aumentaram em 1,2%
a captação neste ano, totalizando 9,86
bilhões de litros, enquanto em 2014 o
incremento havia chegado a 8,9% sobre
o ano anterior. Assim, sua ociosidade
aumentou, de 33,8% para 37,9%.
A lista das 15 maiores empresas é
liderada pela Nestlé, com 1,77 bilhão de
litros captados. É seguida pela francesa
Lactalis do Brasil, pela CCPR/Itambé
e pela Laticínio BelaVista, enquanto a
quinta posição é ocupada pela união das
cooperativas Castrolanda, Frísia e Capal. No
ranking, destacou-se a Vigor, que passou da
11ª para a oitava posição. De modo geral,
conforme análise da Scot Consultoria,
o cenário de 2015 refletiu os resultados
econômicos pressionados por maior
custo de produção e menores margens e
investimentos dos produtores.
A produção nacional de leite, que vinha
crescendo a taxa média anual superior a 3%
entre 2011 e 2014, pode ter recuado cerca
de 1% em 2015, conforme cálculos da Com-
panhia Nacional de Abastecimento (Co-
nab). Ou até 2,8%, se corresponder à queda
havida na aquisição do produto inspeciona-
do neste ano, de acordo com pesquisa tri-
mestral feita pelo Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE). É a primeira vez
que a captação de leite caiu desde que se
iniciou esse levantamento, em 1997, cons-
tata a Embrapa Gado de Leite.
“Preços baixos, custos de produção em
alta e enfraquecimento da demanda interna
devido à crise econômica fizeram com que
a produção recuasse em todas regiões do
País”, analisa Maria Helena Fagundes, da Co-
nab, baseada nos dados do IBGE. As maiores
regiões produtoras (Sudeste e Sul) tiveram
recuos menores. Samuel Oliveira, pesquisa-
dor da Embrapa, também menciona a rela-
ção crise/consumo e o expressivo aumento
de custos, para reduzir o volume captado
em 2015. O número até então só crescera,
de 29 milhões de litros diários, em 1997,
para 68 milhões de litros por dia, em 2014.
Para 2016, projeção da Conab, feita em
abril, ainda indicava possibilidade de cresci-
mento (1%). Porém, a analista Maria Helena
considerava que o nível de produção depen-
deria do cenário interno, onde vários fatores
poderiam modificar as estimativas. Aponta-
va que a redução havida na produção deve-
ria oferecer algum suporte aos preços e evi-
tar quedas produtivas, mas a expectativa de
prosseguir o decréscimo do Produto Inter-
no Bruto (PIB), com perda de renda e em-
prego, inflação alta e menor consumo de
lácteos, induziria à redução produtiva.
De fato, números divulgados em junho
pelo IBGE, sobre pesquisa da aquisição de
leite sob inspeção no primeiro trimestre
de 2016, mostravam que houve nova dimi-
nuição nos volumes captados: 6,8% sobre
o trimestre anterior e 4,5% sobre o mesmo
período de 2015. A maioria dos estados
apresentou redução. Em contrapartida, as
maiores fazendas produtoras mantêm o vi-
gor produtivo, conforme o levantamento
Top100 Milkpoint 2016. Embora registras-
sem menor índice dos últimos cinco anos,
ainda cresceram 2,2% em 2015, com mé-
dia de 15.486 litros por dia, e a grande
maioria (92%) pretende continuar expan-
dindo a produção.
Fonte:
IBGE – *Estimativa Conab.
ÚLTIMAS ORDENHAS
Final milkings
Produção brasileira de leite de vaca
Anos
Milhões de litros
2011
32.096
2012
32.304
2013
34.255
2014
35.174
2015*
34.823
7
Fonte:
IBGE/Pesquisa Trimestral do Leite.
SOB CONTROLE
Under control
Produção de leite sob inspeção
Anos
Milhões de litros
2011
21.795
2012
22.338
2013
23.553
2014
24.747
2015
24.050