Perdas líquidas
Aumentodos custos de produção compromete resultados financeiros do
setor leiteiro no campo e requer ainda maior ênfase para gestãodo negócio
O dinheiro não jorrou como o desejado
em 2015 no setor leiteiro, que se viu espre-
mido por maiores gastos na produção. Os
preços recebidos foram menores do que os
custos enfrentados, gerando perdas no bol-
so e no produto. É o que apuram organis-
mos relacionados ao segmento, reforçando
ainda mais a necessidade de ampliar a ges-
tão para a sustentabilidade do negócio.
A média dos preços nominais bru-
tos, entre abril de 2015 e março de 2016,
comparada com a do mesmo período do
ano anterior, aumentou 2,3%, mas os va-
lores reais – corrigidos pelo Índice Geral
de Preços de Mercado (IGP-M) – dimi-
nuíram 5,8%. Os dados são apresentados
por Maria Helena Fagundes, na Conjun-
tura do Leite da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). Enquanto isso,
cita que os custos variável, operacional e
total cresceram, no período e em sequên-
cia, 6,4%, 6,9% e 8,9%.
Mesmo com níveis de preços acima de
indicador mundial (IFCN), a perda por
parte do produtor brasileiro nos anos re-
centes é significativa, avalia, por sua vez,
Lorildo Stock, analista da Embrapa Gado
de Leite. Entre 2014 e 2015, nos principais
estados produtores, observa redução de
4% no preço ao produtor e aumento de
9% nos custos operacionais de produção,
em termos nominais. A perda nominal,
considerando ainda diminuição de 5% no
valor da venda de animais, atingiu 12%.
Em 2016, o Centro de Estudos Avança-
dos em Economia Aplicada (Cepea), da Es-
cola Superior de Agricultura Luiz de Quei-
roz (Esalq), na Universidade de São Paulo
(USP), registra recuperação de preços em
sete estados brasileiros, com menor ofer-
ta do produto. Porém, “elevados custos
de produção, geadas no Sul do País e ten-
dência de migração de produtores de lei-
te para corte seguem desestimulando a
produção”, analisou o instituto em maio,
quando o produtor recebeu 4,5% a mais
do que em abril e 15% a mais do que em
maio de 2015, em termos reais.
A relação remuneração/despesas ense-
ja cada vez mais preocupação com a gestão
na atividade. Resultados-meio, obtidos por
eficiência tecnológica, como maior produ-
tividade e menores intervalos de partos, só
serão efetivos se contribuírem para maior
eficiência econômica, lembrou Christiano
Nascif, coordenador técnico do Educam-
po, durante Simpósio Regional de Produ-
ção de Silagem de Milho e Sorgo, realizado
pela Embrapa em Coronel Pacheco, Minas
Gerais, em janeiro de 2016.
Além do desenvolvimento tecnológi-
co que já se registrou no setor leiteiro do
País, segundo Nascif, é preciso avançar nas
práticas de gestão da propriedade. Desta-
cou que essas iniciativas passam pela coleta
e análise rotineira de dados, que permitam
apurar o custo de produção, planejar ações
de melhoria e gerenciar resultados.
Os custos do leite
cresceram e os
preços diminuíram
ao longo de
2015
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