Aplantasob
controle
Uso de reguladores de crescimento
recebeespecialatençãodapesquisaemmanejodemacieiras
comresultadosfundamentaisnaculturabrasileira
C
ontrolar funções da planta
paraqueatendaaos interes-
ses da produção. Eis emsín-
tese o que propõe o uso de
compostos chamados de
reguladores de crescimento, que, em pe-
quenas quantidades, promovem, inibem
ou modificam processos fisiológicos e têm
sido fundamentais no êxito alcançado pela
maçã brasileira. Com isso, a pesquisa con-
seguiu viabilizar a cultura em áreas consi-
deradas de condições climáticas marginais
para a fruta e, conforme Renato Luís Vieira,
gerente da área na Estação Experimental da
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Exten-
sãoRural de Santa Catarina (Epagri), emCa-
çador (SC), recebe toda a atenção para con-
tinuar a vencer desafios no setor produtivo.
Com essa tecnologia foi concretiza-
da a denominada quebra de dormência,
sem a qual em certas áreas atuais de pro-
dução mais de 50% das macieiras ficariam
sem brotação. Quem atuou de forma dire-
ta neste trabalho desde o início, hámais de
40 anos, foi o engenheiro agrônomo José
Luiz Petri, da Epagri (Empasc, nos primei-
ros anos). Ele se deparou coma questão da
exigênciade frioem implantaçãodepoma-
res de macieiras no meio-oeste catarinen-
se, na década de 1970, e foi conhecer a re-
ferida técnica durante três anos em Israel,
para implantá-la na região.
Petri explica que a quebra de dormên-
cia é realizada por diversas formas, hoje
com indutor de brotação, que faz com que
a planta, mesmo sem frio, brote e floresça,
permitindo assim o seu desenvolvimento.
Complementa que esse indutor é um dos
reguladores de crescimento utilizados pela
pesquisa na maçã brasileira, em que se in-
cluem ainda, por exemplo, raleio químico,
melhoria do pegamento do fruto, controle
de crescimento vegetativo e de maturação,
com adiamento ou retardamento para per-
mitir o escalonamento da colheita.
No caso do raleio químico, que é a retira-
da do excesso de frutos, o pesquisador en-
fatiza ainda que é fundamental promover a
induçãodabrotaçãoparaquesetenharesul-
tadomais uniforme na planta emais eficiên-
cia no trabalho. Aliás, um dos grandes
objetivos com o uso de regulado-
resdecrescimentoéexatamen-
tea reduçãodamãodeobra.
O referido processo quími-
co possibilita que a ope-
ração seja realizada em
quatro horas num hec-
tare, quando na forma
manual, dependendo
do caso, poderá esten-
der-sepor400a600ho-
ras/hectare.
O pioneiro pesquisa-
dor lembra que nos anos
de 1970, no início da pomi-
cultura comercial no Brasil,
quando se produzia 15 toneladas por hecta-
re isso já era algo fantástico. Hoje, produtivi-
dade de 40 t/ha já é considerada insuficien-
te,poiséprecisotervisãoparachegara60-80
t/ha, a fim de que a atividade mantenha-se
atrativa emtermos econômicos, acentua Pe-
tri. Acrescenta que este patamar já é alcan-
çado emoutros países e tambémpor alguns
produtoreslocais,mostrandoasuaviabilida-
deequecontamcomapesquisaparaindicar
osmeios eocaminhoapercorrer.
Petri e colegas da Epagri avaliamas
tecnologias no pomar experimental
Moderna fruticultura
O pesquisador José Luiz Petri assina, junto com
seus colegas Fernando José Hawerroth, Gabriel Berenhau-
ser Leite, Andre Amarildo Sezerino e Marcelo Couto, da Em-
presa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Cata-
rina (Epagri), o livro “Reguladores de crescimento para frutíferas
de clima temperado”, lançado em 2016. Na obra são disponibiliza-
dos resultados de anos de estudos realizados pela instituição no de-
senvolvimento e na adaptaçãodo usodessas substâncias nas con-
diçõesclimáticasdoSuldoBrasil,emespecialdeSantaCatarina.
“É difícil imaginar amoderna fruticultura sem seu uso, pois é
a solução para inúmeros problemas, permitindo a me-
lhoria da produtividade e da qualidade da fruta e
a redução de mão de obra”, destacam os
autores na introdução.
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