Anuário Brasileiro do Milho 2017 - page 53

Várias ações são necessárias
paracombaterosenfezamentosdomilho,doençascausadas
pelosmolicutestransmitidospelacigarrinha-do-milho
A
s doenças chamadas de enfe-
zamentos do milho provoca-
ram perdas significativas em
determinadas regiões do Brasil
desde a safrinha de 2015. Atu-
almente, a adoção de algumas medidas in-
dicadas pela pesquisa está contribuindo
para diminuir os danos provocados pelos
enfezamentos, que ocorrem mais em regi-
ões quentes do País. “O controle dessas do-
enças passa essencialmente por medidas
preventivas”, destaca Elizabeth de Oliveira
Sabato, pesquisadora da Embrapa Milho e
Sorgo, de Sete Lagoas (MG).
De acordo com Elizabeth, os enfeza-
mentos podem reduzir em 70% a produ-
ção de grãos da planta doente, em relação
à planta sadia, em cultivar suscetível. Se-
gundo ela, ocorreram surtos das doenças
no Oeste da Bahia, no Sudoeste de Goiás,
no Triângulo Mineiro e no Noroeste de Mi-
nas Gerais. Algumas medidas, como a seca
domilho tiguera e o uso de sementes trata-
das com inseticidas, já estão sendo segui-
das pelos produtores.
Elizabeth explica que os enfezamen-
tos do milho são causados por molicutes
(espiroplasma e fitoplasma), microrganis-
mos que sãobactérias semparede celular.
O espiroplasma causa o enfezamento-pá-
lido e o fitoplasma o enfezamento-verme-
lho. O patógeno é identificado por meio
de testes laboratoriais. As plantas infecta-
das apresentam internódios mais curtos,
menos raízes e produzem menos grãos.
Os molicutes são trasmitidos pela cigar-
rinha-do-milho (
Dalbulus maidis
). Ambos
afetam o desenvolvimento, a nutrição e a
fisiologia das plantas infectadas, reduzin-
do a produção de grãos.
Além dos molicutes, a cigarrinha tam-
bémlevadeumaplantaparaaoutraovírus
da risca (
Maize rayado
fino virus). “Nem to-
das as cigarrinhas são portadoras do moli-
cute ou do vírus, mas uma única cigarrinha
pode portar os três causadores das doen-
ças”, observa. O inseto alimenta-se sugan-
do a seiva das plantas de milho e vive, pre-
ferencialmente, no cartucho das plantulas.
Ociclobiológicodo inseto (deovoatéadul-
to) é influenciado pela temperatura, mas,
em média, dura 25 dias. Em regiões quen-
tes, se houver plantações de milho dispo-
níveis, pode apresentar várias gerações ao
longo do ano.
PREVENÇÃO
Uma série de me-
didas precisa ser adotada pelos produto-
res para controlar a ocorrência dos enfeza-
mentos, aponta a pesquisadora Elizabeth
deOliveira Sabato, queproferiu20palestras
sobre as doenças para produtores e técni-
cos em 2015 e 2016 e mais 10 até junho de
2017. Uma das orientações é evitar semear
o milho próximo de lavouras mais velhas e
com alta incidência das doenças. Também
é recomendado semear mais de uma culti-
var de milho e tratar as sementes com inse-
ticidas registrados para controlar a cigarri-
nha. Ainda sugere sincronizar a semeadura
domilho como período de plantio adotado
para amaioria das lavouras na região.
Em áreas com alta ocorrência de enfe-
zamentos e de cigarrinhas, o indicado é a
interrupção temporária do cultivo do mi-
lho para eliminar as doenças e os insetos-
-vetores. Além disso, o produtor não deve
deixar na lavoura plantas de milho volun-
tárias (tiguera), que podem servir de re-
servatório do inseto e dos agentes causais
dos enfezamentos para os cultivos seguin-
tes de milho. A utilização de cultivares de
milho com resistência genética aos enfeza-
mentos é uma alternativa que pode dimi-
nuir danos por essas doenças. Uma opção
para escapar dos enfezamentos é evitar a
semeadura tardia domilho.
n
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Paranãoficar
enfezado
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