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O cereal do
Nordeste
Milho produzido no
Oeste da Bahiamostrou
recuperação no ciclo
2016/17, mas ainda se
encontra bemdistante
do potencial que
apresenta na região
O Nordeste brasileiro, grande consumidor de milho, tem
desde os anos 1990 um novo e próximo fornecedor do cere-
al fundamental para a alimentaçãohumana e animal. A região
Oeste do Estado da Bahia, comexcelentes condições para a fi-
nalidade,passouacultivareforneceroproduto,quejáchegou
aabranger265milhectareseofertarmaisde2,3milhõesdeto-
neladas por safra no início da presente década, inclusive pos-
sibilitando a exportação. Vários fatores influenciaramna redu-
ção da oferta regional, que apresentou recuperação na etapa
2016/17,mas aindanãoé consistente (a áreadevediminuir no
novo ciclo) e pode, como de fato deve, segundo o setor agro-
nômico, avançarmuito, diante do potencial existente.
O clima desfavorável dos últimos anos foi um dos prin-
cipais fatores a interferir na cultura, bas-
tante sensível à falta de chuva, ao lado
da incidência em nível mais preocupan-
te de praga até então secundária, a ci-
garrinha, afetando mais a área irrigada.
Em paralelo, na safra encerrada, com
baixa produtividade local e superofer-
ta nacional, foi prejudicado seu resul-
tado financeiro, com preços baixos (R$
22,00 a 23,00 pela saca). Além disso, o produto se ressen-
te da falta de um mercado futuro garantido, de sistema de
armazenagem que permita maior acesso aos mecanismos
públicos de comercialização e de maior incentivo governa-
mental para ampliar o consumo regional do produto próxi-
mo, ainda que pelas condições de produção só na primeira
safra tenha um custo um pouco superior.
Ao fazer essa análise, oprodutor AntonioGrespan, pionei-
ro da cultura na região, e que é engenheiro agrônomo e inte-
gra o Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irri-
Culturaocupa 7%
da áreadamatriz
produtiva e pode
crescerbemmais
gantes da Bahia (Aiba) e a Câmara Setorial do
Milho, assinala que, por tais razões, a produ-
ção da região ainda fica muito aquém do que
pode e é indicado alcançar. Mesmo que per-
maneça entre as principais culturas do Oes-
te, sua abrangência em área está hoje na fai-
xa de 7% do total, quando já atingiu o dobro
e deveria, emseu entender, chegar a umterço
ou pelomenos a umquarto do total damatriz
produtiva regional.
Para tanto, Grespan justificaa relevânciado
cereal para a maior estabilidade da receita no
quadro desejado de diversificação de culturas
eaproveitamentodebenefícios noplanoagro-
nômico, por ser fundamental no plantio dire-
to, como gramínea que gera farta matéria or-
gânica e contribui muito nesta prática básica
da agricultura sustentável, além de quebrar o
ciclo de doenças e pragas. Por fim, ainda que
para o período 2017/18 se preveja redução de
área por conta dos aspectos retratados, a pro-
dução projetada fica próxima à anterior, pela
perspectiva inicial de conseguir produtividade
na faixadamáxima jáalcançadana região (aci-
ma de 160 quilos por hectare), tendo em vista
a tecnologia disponível e as condições locais.
Grespan lembra que a região Oeste da
Bahia destaca-se demodo especial para o de-
senvolvimento da cultura. Apresenta boa alti-
tude (800 a 900 metros), sol e clima de modo
geral favoráveis, assim como localização es-
tratégica para atender o Nordeste, além de já
comprovar, junto com o potencial produtivo,
uma qualidade superior do produto.
Fonte:
Conselho Técnico Aiba
– * Primeira estimativa.
O MILHO NO OESTE DA BAHIA
corn in western bahia
Histórico da cultura em números nos últimos 10 anos
Safra Área (mil ha)
Produtividade (sc/ha)
Produção (mil t)
2006/07
166,0
121
1.205,2
2007/08
185,0
118
1.309,8
2008/09
180,0
135
1.458,0
2009/10
170,0
145
1.479,0
2010/11
153,0
163
1.496,3
2011/12
252,5
155
2.348,3
2012/13
248,0
130
1.968,9
2013/14
265,0
145
2.305,5
2014/15
220,0
135
1.799,0
2015/16
135,0
115
931,5
2016/17
180,0
130
1.404,0
2017/18*
130,0
165
1.287,0