Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 25

S
edepender docenáriode safrae
mercados do início de 2017, a
cadeia produtiva do arroz terá
um ano bastante ajustado em
termos de oferta e demanda e
também de preços na temporada. A safra
2016/17, que começa a ser colhida no fi-
nal de janeiro no Sul do Brasil, deve pro-
duzir volume muito similar às necessida-
des internas do cereal, de 11,5 milhões de
toneladas de arroz em casca. Ao mesmo
tempo, a conjuntura doméstica indica um
primeiro semestre de preços em queda,
pela concentração de oferta, o que favore-
cerá as exportações, por ampliar a compe-
titividade nacional, mas deve afetar a ren-
tabilidade dos agricultores.
O analista do mercado de grãos Sér-
gio Roberto Gomes dos Santos Júnior, da
Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), destaca a recuperação de quase
um milhão de toneladas no ciclo 2016/17
frente à etapa 2015/16. “Foram colhidas
10,6 milhões de toneladas, por causa de
quebras provocadas pelo
El Niño
. O au-
mentodaofertananova temporada vai de-
terminar preços médios mais próximos de
R$ 43,00 a R$ 44,00, enquanto passamos o
segundo semestre de 2016 praticamente
estacionados entre R$ 48,00 e com alguns
picos acima de R$ 50,00”, explica.
Ele destaca que por causa da falta de
produto o Brasil precisou importar mais
do Mercosul e teve menor disponibilida-
de para exportar. Por isso, fechou o ano ci-
vil comdéficit aproximado de 200mil tone-
ladas na balança comercial. “Exportamos
quase um milhão de toneladas e importa-
mos cerca de 1,2 milhão. A tendência é de
que em2017 o Brasil volte a ter superávit”.
Na avaliação de Tiago Sarmento Ba-
rata, diretor comercial do Instituto Rio-
-Grandense do Arroz (Irga), 2017 tende a
ser um ano de preços mais baixos do que
2016, mas não tanto. “O mercado se regu-
la. Àmedida emqueos preços internos bai-
xam, as exportações aumentam, enxugam
a oferta e as cotações voltam a subir”, co-
menta. “Quando sobemmuito, as importa-
ções aumentam e o mercado volta a ajus-
tar os preços até um ponto de equilíbrio”.
Ainda assim, frisa que houve aumento dos
custos e a margem do arrozeiro deve ser
muito pequena na temporada. “É preciso
ter na ponta do lápis o custo e uma boa es-
tratégia de venda para ter lucro”, avisa.
De acordo com Barata, a safra gaúcha
será normal, com cerca de 8,2 milhões de
toneladas, representando 70% da produ-
ção nacional. “Mas em outras regiões há
recuo, e seguiremos como quadro de ofer-
ta e demanda bastante apertado, sem es-
toques públicos e com as disponibilidades
privadas apenas suficientes para bancar a
demanda”, lembra.
O economista-chefe Antônio da Luz, da
Federação da Agricultura do Rio Grande
do Sul (Farsul), frisa que em 2017 o gover-
no federal não poderá se omitir de garantir
a comercialização do arroz em condições
adequadas aos agricultores. “Temos uma
condição de alto endividamento e baixo
acesso ao crédito oficial. Até por isso, é im-
portante que o governo federal entre com
recursos para o pré-custeio, enxugando a
oferta e gerando mecanismos capazes de
reduzir a pressão sobre os preços ao pro-
dutor”, destaca.
Cachos
maduros
Produçãobrasileiratendeaserexatamenteovolumeprojetadoparao
consumo,ediferençaestaránabalançacomercialenosestoquesprivados
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