PontodeVista
CARLOSMAGNO
Chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, de Palmas (TO)
Parapescarmais
BoapartedopescadoofertadonoPaísaindaseoriginadapesca,masa
tendênciaédequeoconsumosejacadavezmaissupridopelaaquicultura
A
pesca extrativa e a aquicultura
brasileira movimentaram mais
de 1,7 milhão de toneladas de
pescado, incluindo o importa-
do, em 2015. “As duas ativida-
des são diferentes mas complementares.
Somente pela união das lideranças destes
dois setores teremos uma atividade forte”,
avalia Carlos Magno, chefe-geral da Embra-
pa Pesca e Aquicultura, criada em 2009, em
Palmas, noTocantins. Hoje, para ele,sãone-
cessários líderes com pensamento estraté-
gico, prospectando para os próximos cinco,
10, 25e50anos. “Apescaeaaquiculturaque
queremos para o futuro terão de ser planeja-
dasnosdiasatuais. Creioqueesteseránosso
maior desafio: trabalho, união, pensamento
eatitudes estratégicas”.
No Brasil, a produção originada da pesca
está estabilizada em torno de 800 mil tone-
ladas ao ano. “Não há perspectiva de incre-
mento, seguindo a tendência da atividade
no mundo, onde é o pescado oriundo da
aquicultura que está suprindo a demanda”,
destaca Magno. Em 2015, o segmento pro-
duziu 574 mil toneladas de pescado, 2%
acima do volume do ano anterior, de acor-
do com dados do Instituto Brasileiro de Ge-
ografia e Estatística (IBGE). No entanto, em
uma década, a produção aquícola cresceu
123%, saltando de 257 mil toneladas em
2005 para 574mil toneladas em2015.
Oaumento da demanda por pescado e a
estruturaçãodosetor produtivo, pormeiode
empresas privadas e de organizações como
cooperativas e associações favoreceram o
desempenho da aquicultura. “Esse cenário
se deu, em parte, graças às políticas públi-
casdirecionadasaodesenvolvimento,tanto
pelo governo federal como pelos estaduais,
seja na aquicultura em tanques-rede, em
reservatórios de hidrelétricas, seja em tan-
ques de terra escavados”, detalha Magno.
Também contribuíram a maior aceitação e
o conhecimento dos pescados cultivados
emágua doce, como a tilápia e o tambaqui,
principais peixes da aquicultura nacional.
A aquicultura registrou aumento médio
anual de 12,3% na década de 2005 a 2015.
Mas, neste último ano, o avanço foi de ape-
nas 2%. De acordo com Magno, a crise eco-
nômica,queseapresentoumaisforteapartir
de 2015, prejudicou o consumo de pescado,
pois reduziu o poder de compra da popula-
ção. O setor ainda foi impactado pelamenor
oferta de crédito e maiores taxas de juros, o
que prejudicou novos investimentos. Além
disso,afaltadechuvaprovocouperdassigni-
ficativasnas regiõesNordeste, SudesteeSul.
Apesar disso, o setor vem investindo em
tecnologia e se modernizando. Para 2016,
embora o cenário de incertezas tenha sido
grande, a expectativa édeque a aquicultura
totalize 600 mil toneladas, com leve acrés-
cimo sobre o volume do ano anterior. “Este
cenário é favorecido pela melhoria dos ní-
veis de chuva e a consequentemaior dispo-
nibilidade de água nos reservatórios onde
se situa a produção em tanque-rede”, es-
clarece Magno. Por outro lado, lembra que
o crescimento da aquicultura dependerá da
retomada da economia do País em2017.
Mesmo assim, o chefe-geral da Embra-
pa prevê que a aquicultura deverá continu-
ar crescendo. Apesar da situação política e
institucional do Brasil, empresas se associa-
ramparasomarcompetênciaseaumentara
presença no mercado com produtos diver-
sificados. Enquanto isso, outras, menores,
organizadas tanto em associação como em
cooperativas, vêmmelhorando a qualidade
dos produtos e o poder de negociação com
os fornecedores. “Outro aspecto importan-
te se refere à incorporação de novas tecno-
logias que vão permitirmaior intensificação
dos cultivos, com elevação dos índices de
produtividade”, acrescenta.
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comaumentode123%de2005a2015
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