Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 69

A
horta brasileira ainda apresen-
ta resultados tímidos. Mesmo
que apareçam algumas notí-
cias mais favoráveis no setor,
demodo geral a produção ain-
da sofre com situações diversas, do clima,
que continuou a afetar as culturas em2016,
a questões como os custos, que, na esteira
do câmbio, tiverampeso expressivo no ano,
e a demanda, reprimida, sob influência
da crise econômica. Uma das alternativas
que se apresentam é maior industrializa-
ção, onde iniciativas na batata e no toma-
te ajudam a aumentar previsões para a
nova temporada.
Os últimos dados oficiais mais amplos
no segmento referem-se a 2015. A Em-
brapa Hortaliças, por meio de números
apresentados pelos pesquisadores Geo-
vani Amaro e Nirlene Vilela, no segundo
semestre de 2016, registra diminuição em
diversos indicadores, exceto no valor, que
cresceu devido à menor oferta. O mesmo
ocorre na comparação feita pela institui-
ção entre 2011 e 2015: entre os principais
produtos, somente a batata-doce e o me-
lão atingiram índices positivos na produ-
ção, com respectivos 5,8% e 4,5%. Já a
produtividade ficou estável.
Em relação a 2016, balanço da Confe-
deração da Agricultura e Pecuária do Bra-
sil (CNA) observa que a produção brasileira
de hortaliças sofreu comproblemas climá-
ticos, como já ocorreu em temporadas an-
teriores. Cita excesso de chuvas, frio e ge-
ada na região Sul e estiagem no Nordeste,
assimcomo informaçõesdo InstitutoBrasi-
leiro de Hortaliças (Ibrahort) sobre perdas
próximas a 30% devido a baixas tempera-
turas e geadas em produtos cultivados a
campo aberto, e na faixa de 20% com es-
tiagem prolongada no Nordeste.
O fator influenciou de forma direta nos
preços, ainda conforme a CNA. Faz refe-
rência à batata comercializada na Compa-
nhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de
São Paulo (Ceagesp), que “registrou pre-
ço muito superior ao praticado no mes-
mo período do ano anterior”. Por outro
lado, esta situação, aliada à redução do
poder aquisitivo da população, repercu-
te no movimento de venda, onde levanta-
mento em nível de atacado do Programa
Brasileiro de Modernização do Merca-
do Hortigranjieiro (Prohort), da Compa-
nhia Nacional de Abastecimento (Conab),
constata redução nos volumes vendidos,
em 2015 (2,15%) e em 2016.
Outro aspecto destacado pela CNA, e
que interferiu na rentabilidade do setor em
2016, foi o aumento na ordem de 20%, em
média, dos custos dos insumos, “em espe-
cial devido à alta do dólar no primeiro se-
mestre”. Quanto a 2017, a confederação
considera que os problemas não desani-
mam produtores, que deverão continuar
a investir em inovações tecnológicas para
aumentar a produtividade e a competitivi-
dade, a exemplo do que fizeram médios e
grandes produtores nadécadapassada em
regiões como Cristalina (GO), São Gotardo
(MG) e Chapada Diamantina (Bahia).
Em
conserva
Climacontinuaaafetarresultadosnaproduçãodehortaliças,queteve
aindasensívelaumentonoscustosdeproduçãoem2016,comodólaralto
EXPANSÃONOVERÃO
Na comparação entre as safras de verão da etapa 2015/16 e do ciclo 2016/17, junto às principais culturas e àsmaiores regiões de produ-
ção no País, o Centro de Estudos Avançados emEconomia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), vin-
culada à Universidade de São Paulo (USP), constata indicativos de ampliação de área. Maior aumento ocorre na batata inglesa, emnível de
5,91%, justificada pela expansão industrial namodalidade pré-frita congelada, que se destaca nas importações brasileiras.
Perspectivas positivas ampliariam ainda a área de cebola (4,4%) e atrairiam novos investidores para a cenoura (com ampliação de
3,29%). De igualmodo, o tomate industrial registramais investimentos, comárea 1,55%maior, enquantoodemesamostra recuode 2,93%
em importantes regiões produtoras, “em razão da baixa rentabilidade na produção de inverno”. Commais de 1,3 milhão de toneladas, o
Brasil já é o sétimoprodutormundial desse ítemparaprocessamento, conformedivulgadono 8º CongressoBrasileirode Tomate Industrial.
As hortaliças folhosas, outro ítempesquisado pelo Cepea, apresentam estabilidade nomaior centro produtor, o cinturão verde de São
Paulo. Já sobre duas frutas inseridas entre os produtos olerícolas, o melão e a melancia, o órgão verifica recuos respectivos de 6,29% e
1,47%, emvista de escassez hídrica no Vale do São Francisco, no primeiro caso, e de questões de clima e de rentabilidade no outro, emes-
pecial no RioGrande do Sul. As duas culturas destacam-se na exportação, emparticular amelancia semsemente produzida noNordeste.
Outroprodutodeexpressão, tambémacolhidonaolericulturaeque, sozinho, superaos demais do setor, amandiocadeve recuperar es-
paço em2016 e 2017, conforme apura o InstitutoBrasileirodeGeografia e Estatística (IBGE). A estimativa, emnovembrode 2016, erade que
crescesse 2,7%emárea e 3,6%emprodução. Emanálise conjuntural feita no segundo semestre, a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) explica que “a alta é incentivada pela recuperação de preços commenor oferta da produção nos últimos anos”, observandomaio-
res variações de área no principal Estado produtor, o Pará, e no Amazonas.
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1...,59,60,61,62,63,64,65,66,67,68 70,71,72,73,74,75,76,77,78,79,...108
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