A vocação brasileira para abastecer os
mercados internacionais é algo já reconheci-
do pelos brasileiros e pelo mundo. Estamos
entre os maiores exportadores de alimentos
do mundo e lideramos em diversos setores.
Um deles é a carne de frango, que é embar-
cada a partir de nossos portos para cerca de
160 países nos cinco continentes.
Conquistar mercados é uma tarefa ár-
dua. Tão complexo quanto isto é conquis-
tar o consumidor. Os perfis, os valores, os
preferenciais e tantos outros fatores de
cada mercado são pontos que variam in-
crivelmente, seja pela formação cultural e
religiosa ou por questões socioeconômi-
cas, entre outros aspectos.
Nosso setor conta com um trabalho de-
senvolvido com excelência pela área de
mercados da ABPA. Refiro-me aos projetos
setoriais que gerenciamos em parceria com
a Agência Brasileira de Promoção de Expor-
tações e Investimentos (Apex-Brasil). Sob
a tutela de nossa associação estão três: o
Brazilian Chicken, o Brazilian Egg e o Bra-
zilian Pork, que são também as marcas in-
ternacionais de nossos setores.
Por meio deles, avançamos na percep-
ção dos mercados importadores e dos po-
tenciais clientes sobre nossa qualidade di-
ferenciada, nosso
status
sanitário ímpar,
nossa gestão produtiva altamente com-
petitiva, nosso foco na sustentabilidade e
tantos outros valores que fizeram de nós o
que somos hoje para o mundo.
Um exemplo recente aconteceu na Fran-
ça, quando a ABPA participou do SIAL Paris
(Salon International de l’Alimentation, em
francês). Realizada entre os dias 16 e 20 de
outubro, foi a maior ação internacional dos
setores de aves e de suínos do Brasil neste
ano, feita em parceria com a Apex-Brasil.
Para a ação, a ABPA contou com mais
de 400 metros quadrados de área cons-
truída, com total estrutura para recepção
dos importadores. Uma grande degusta-
ção de pratos típicos à base de carne de
frango brasileira, comandada pelo
chef
Marcelo Bortolon, foi realizada no espa-
ço. Ao todo, 17 agroindústrias produto-
ras e exportadoras participaram da ação.
Mais de 4 mil visitantes estiveram no es-
paço da avicultura e da suinocultura do
Brasil durante os dias da feira. Além de
potenciais clientes e compradores, jorna-
listas e representantes de associações de
clientes estiveram no espaço.
Conforme levantamentos feitos pela
ABPA, durante os cinco dias de evento fo-
ram realizados mais de US$ 32 milhões em
vendas diretas para importadores da Europa,
da Ásia e da África, além da expectativa de
US$ 350 milhões em vendas nos próximos
12 meses, a partir dos contatos feitos dire-
tamente com importadores desses conti-
nentes. Estes números dão a dimensão que
estas ações alcançam para os setores nacio-
nais. Em maio, na SIAL Shanghai, também
verificamos números expressivos: mais de
US$ 500 milhões de perspectivas de negó-
cios no prazo de um ano.
As conquistas forammuitas, mas dá para
ir mais longe. Se as marcas brasileiras da
carne de frango e da carne suína isolada-
mente geram atributos valiosos para as ex-
portações, imagine o que aconteceria com
uma marca-país forte, que “contaminasse” a
percepção mundial sobre os diferenciais, o
arrojo e o profissionalismo do agronegócio
brasileiro? Afinal, o que seria do vinho fran-
cês sem a visão de que a França é uma po-
tência agregadora de valores e sensações?
Existe um plano em construção que pre-
tende agregar estratégias de imagem e de in-
teligência de mercado. Falo do Programa de
Acesso a Mercados, o PAM-AGRO, proposta
na qual a ABPA e outras várias associações do
agronegócio estão engajadas, sob a lideran-
ça da Apex-Brasil e do Ministério da Agricul-
tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O PAM-AGRO nasce commeta ambiciosa:
aumentar a participação do agronegócio bra-
sileiro de 7% para 10% no mercado mundial.
As propostas que constituirão o plano usarão
a
expertise
já alcançada com as experiências
individuais de cada organização envolvida,
unificadas em um processo de sinergias,
ampliando seu alcance com objetivos clara-
mente definidos: ampliar a capacidade do
agronegócio brasileiro de gerar novos ne-
gócios, agregar valor e obter diferenciação
pela origem.
O PAM-AGRO é uma das respostas que o
agronegócio dá ao País na busca pela supe-
ração do momento econômico atual. É uma
prova de que, diante da crise, reagimos com
inovação e com ambição, partindo para o
contra-ataque. Voltamos nossos olhos para
o futuro, indo além da recuperação de per-
das. Queremos crescer. Que nunca esque-
çam que temos um papel bem definido: so-
mos o Celeiro do Mundo.
PAM AGRO:
por um agro mais
internacionalizado
Francisco Turra
Ex-ministro da Agricultura e presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
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