HORIZONTE
Para o primeiro semestre de 2017, Ricardo Santin, da ABPA, acredita que os preços do milho estarão mais ajustados à realidade do
setor. Entende que haverá oferta suficiente da safra interna e reflexos da importação de outros países, como Argentina, Paraguai e Esta-
dos Unidos, o que deve regular os valores em reais e evitar a quebra da cadeia setorial. “Os produtores em 2016 quase não capturaram
vantagens, porque o mercado do milho estava bastante especulado”, assinala.
Com maior oferta de milho, e a preços mais ajustados, haverá menor pressão de custos. “E também há uma sinalização de um dó-
lar um pouco mais próximo de R$ 2,40 a R$ 2,50, que é o ponto de equilíbrio do setor para exportar com rentabilidade”, frisa. Para San-
tin, a produção e os mercados das carnes de frango e de peru, de ovos e de genética avícola continuarão crescendo em todo o mundo,
e mais ainda no Brasil. O que é perfeito para o País, maior exportador mundial e segundo maior produtor, que tem nas aves seu maior
mercado de proteína. “Com a economia nos eixos, esperamos que o consumo interno aumente entre 500 gramas e um quilo”, antecipa.
Se o ano de 2015 não foi fácil para a
cadeia produtiva de aves, o que dizer de
2016, temporada na qual, além da crise
econômica e política, o Brasil enfrentou
dificuldades no abastecimento de milho,
a principal matéria-prima do setor; desva-
lorização do dólar, crise mundial e redu-
ção do crédito? Numa primeira análise, ti-
nha tudo para ser um ano fraco.
No entanto, apesar de tudo, a tempora-
da chegará ao final considerada como boa.
Isso porque, mais uma vez, a cadeia pro-
dutiva de aves conseguiu superar os obs-
táculos, graças ao desempenho do consu-
mo, à redução das margens e ao avanço na
competição com outras proteínas.
Conforme Ricardo Santin, vice-presi-
dente de Mercados da Associação Brasi-
leira de Proteína Animal (ABPA), foi um
ano atípico, com uma crise intensa no
abastecimento de milho. Ainda no pri-
meiro semestre, a saca do grão saltou de
R$ 25,00 para mais de R$ 60,00. E a ra-
ção compõe em 75% o custo de produção.
“Além disso, no Brasil, o dólar caiu de R$
4,00 para R$ 3,20 muito rapidamente, ao
mesmo tempo em que as cotações em dó-
lar retrocederam, causando dificuldades
para os exportadores”, explica.
Outro pilar dos contratempos do setor
em 2016 foi a situação política, que poten-
cializou a crise econômica no País, retrain-
do a capacidade de compra do consumi-
dor e, ao mesmo tempo, o repasse dos
custos aos preços do produto. O consu-
mo deve manter-se estabilizado na casa de
43 a 44 quilos de carne de frango por ha-
bitante ao ano no Brasil, graças à relação
com outras proteínas. Em 2016, no segun-
do ano consecutivo, o frango será a carne
mais consumida pelo brasileiro.
O presidente-executivo da ABPA, Fran-
cisco Turra, lembra que os investimentos
também foram muito limitados ao longo
da cadeia produtiva. Os bancos restringi-
ram o crédito, por volume, por aumento
da taxa de juros, por exigência de garan-
tias reais ou pela burocracia.
Asas à
imaginação
Sílvio Ávila
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