Anuário Brasileiro de Aves e Suínos 2016 - page 62

A escalada do preço do milho, somada
à subida do farelo de soja, levou os produ-
tores de aves e suínos a apostarem no alívio
do custo desses principais insumos durante
toda a primeira metade de 2016, muito em-
bora esse desejo não tenha se realizado. A
avaliação é do CEOdo Sindicato Nacional da
Indústria de Alimentação Animal (Sindira-
ções), Ariovaldo Zani, que aponta os princi-
pais dígitos no período. De janeiro a junho,
o produtor de frango de corte demandou
16,8 milhões de toneladas de rações, com
avanço de 4,2%, em resposta ao alojamen-
to de pintainhos, que cresceu aproximada-
Aumento expressivo
dos insumos de
alimentaçãode aves e
suínos, em especial o
milho, foi a principal
barreira enfrentada
ao longode 2016
salgado
PRATO
IMPORTÂNCIA INCONTESTÁVEL
A ração das aves é considerada essencial para completar o ciclo produtivo. O milho e o farelo de soja, juntos, compõem quase 80% da ração
das aves e o restante da suplementação alimentar. “Na medida em que passamos por dificuldades de abastecimento e produção desses insumos
essenciais para a alimentação animal, o setor tem a necessidade de redefinir sua programação de produção”, destaca o diretor executivo da Asso-
ciação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e do Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas no Rio Grande do Sul (Sipargs), José Eduardo dos Santos.
Segundo o dirigente, o custo elevado observado no Rio Grande do Sul em 2016 obrigou muitos produtores de aves e de ovos a reduzirem sua
produção para minimizar os prejuízos, reduzindo o impacto no fluxo financeiro da cadeia produtiva. O preço é considerado a principal diferença na
comparação com 2015, além das exportações de milho, que superaram de forma considerável os volumes embarcados no ano anterior.
Para 2017, a expectativa é de equilíbrio na oferta e no consumo interno do produto, o que deve estabilizar os preços da ração como um todo.
“Com as operações de importação de milho que ocorreram em 2016, o setor iniciou uma nova cultura de abastecimento, que poderá ter continui-
dade caso tenhamos novamente dificuldades de abastecimento interno e alta excessiva nos preços”, antecipa.
mente 4%, e à vigorosa exportação de carne
de frango, favorecida pelo câmbio e por no-
vas oportunidades globais.
“O insuficiente alívio no custo de produ-
ção e a revalorização do real, combinados
à fragilidade do consumo doméstico, deve-
rão desestimular a intenção de alojamen-
to, reduzir a produção de carne e, conse-
quentemente, a demanda de ração durante
o segundo semestre”, explica. A produção
de rações para galinhas de postura, por
sua vez, somou 2,6 milhões de toneladas
e avançou 2%, devido às oportunidades de
exportação e a campanhas de incentivo ao
consumo doméstico de ovos.
Apesar disso, o alojamento de pintainhas
esfriou durante o segundo semestre, por con-
ta do ainda elevado custo dos insumos para
produção e da crise econômica que desafia o
orçamento doméstico. Na suinocultura, Zani
destaca que a forte recuperação das exporta-
ções de carne suína e a maior procura do con-
sumidor domésticopor causadoaltopreçoda
carne bovina potencializaram os abates, inclu-
sive de matrizes reprodutoras. “Em contrapar-
tida, a pressão do custo da alimentação à base
de milho e farelo de soja conduziu à termina-
ção de animais mais leves e culminou na pro-
dução de 7,9 milhões de toneladas durante o
primeiro semestre", frisa.
Zani acredita que a persistência na ali-
mentação animal em patamar elevado de
custo e a continuada perda do poder de
compra do consumidor local podem inibir
os abates e a oferta de carne suína, com me-
nor produção de rações no segundo semes-
tre de 2016, embora as festas de fim de ano
tendam a estimular o consumo da proteína.
Inor Ag. Assmann
60
1...,52,53,54,55,56,57,58,59,60,61 63,64,65,66,67,68
Powered by FlippingBook