53
U
m paraíso se descortina dian-
te dos que colhem os primei-
ros frutos das macieiras con-
centradas 99%noSul doBrasil
na safra 2016/17. A colheita da
maçã brasileira, a partir de janeiro de 2017
com a variedade Gala e a partir de mar-
ço com a Fuji, que respondem por 95% da
produção, encerrando em maio, mas com
técnicas de boa conservação por todo ano,
mostra no seu início um quadro de frutos
considerados de alto padrão. Além disso, a
quantidade colhida apresenta recuperação
emrelaçãoaocicloanterior, quehaviadimi-
Clima influiu na quantidade de maçãs
produzidas na temporada anterior
n
n
n
Entusiasmo
O bom ânimo com a nova safra foi evidenciada na abertu-
ra oficial da colheita realizada em Santa Catarina, maior Esta-
do produtor, em 30 de janeiro de 2017. No ato, ocorrido em
Fraiburgo, considerado o berço da pomicultura moderna no
País e segundo município produtor no Estado, foi reiterada a
“excepcional qualidade” das frutas e o incremento produtivo,
que deve chegar a cerca de 20% no Brasil e no Estado. O go-
vernador Raimundo Colombo prestigiou o evento, mencionou
apoio ao setor e enfatizou que seu bomresultado tambémaju-
da a enfrentar a crise econômica no País.
Outro grande produtor, o Rio Grande do Sul, já no final de
2016 garantia “excelente qualidade e quantidade para abastecer
o mercado”, enquanto o Sul do Paraná, commenor porém cres-
cente produção, ressaltava a boa receita proporcionada. A maçã
é uma das frutas mais consumidas no País (no grande atacado,
em São Paulo, foi a segunda mais comercializada em 2016) e a
maior produção de 2017 deve permitir a retomada nas exporta-
ções, que atendem Europa e países da Ásia e do Oriente Médio.
A cadeia produtiva, conforme o
Anuário Brasileiro da Maçã 2016
,
movimenta cerca de R$ 6 bilhões e gera 195 mil empregos.
Extraordinária
Organizaçãodosetor
demaçãprevêuma
safraacimadonormal
naqualidadedos
frutoscolhidos
erecuperação
nosvolumes
nociclo2016/17
nuído por problemas climáticos.
Emfimde janeiro de 2017, a Associação
Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM)
registrava início da colheita de “uma das
safras mais extraordinárias em termos de
qualidade”. O presidente Pierre Nicolas
Pérès justificava que “as principais regiões
produtoras forampremiadas comclima ab-
solutamente favorável no cultivo da fruta”.
Em seu entender, situações como o inver-
no bastante rigoroso e a primavera pouco
chuvosa de 2016, alémda baixa ocorrência
de chuvas de granizo, estavamconcentran-
do a safra em frutos graúdos, de excelente
qualidade física e sanitária, crocantes, su-
culentos, aromáticos e bastante saborosos
pelo equilíbrio da relação açúcar-acidez.
Por outro lado, o representante do se-
tor confiava na retomada de patamares
de volumes semelhantes aos de dois anos
atrás, como que “será possível atender de
forma plena à demanda brasileira em to-
dos os nichos de mercado relacionados
a tamanho e qualidade, com excedentes
que serão exportados”. O ciclo 2015/16 foi
menor do que o anterior, com prejuízos
por granizo e geadas fora de época, emes-
pecial nas regiões de Fraiburgo (SC) e Va-
caria (RS), observou o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Ce-
pea), da Universidade de São Paulo (USP).
e confirmou o Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE).
Com menor oferta, conforme anali-
sa Isabela Costa, do Cepea, os preços au-
mentaram, “mas a limitação de volume e
o custo de produção alto foram entraves
a uma boa rentabilidade”. Considera que
“a crise política e econômica também re-
percutiu no mercado, além da importa-
çãomais acentuada”. Já a exportação caiu
bastante, segundo ela, por “quebra de sa-
fra, concorrência externa e atratividade
do mercado doméstico, com preço eleva-
do”. Para a temporada 2016/17, previa re-
cuperação, tanto na produção quanto em
investimentos no campo, embora a área,
de forma geral, não se alterasse, e até di-
minuísse um pouco. A região de São Joa-
quim (SC), a principal, cresceria.