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A
oferta de mamão ficou reduzi-
da entre 2015 e 2016 no Brasil,
segundo maior produtor mun-
dial. A situação, conforme Ro-
drigo Martins, presidente da
Associação Brasileira dos Produtores e Ex-
portadores de Papaya (Brapex), resulta dos
ciclos de produção que acompanhama fru-
ticultura, em que disponibilidade baixa e
preço alto estimulam o plantio, o que volta
adiminuir ovalor, ocultivoeaofertadopro-
duto, num ciclo que nessa cultura leva de
nove (entre plantio e início de colheita) a 21
meses (plena produção). Além disso, frisa,
contribuiu de forma decisiva a falta de chu-
vas na região produtora.
O dirigente menciona que o problema
n
n
n
Empolgação e realidade
De igual modo, as perspectivas do presidente da Brapex,
RodrigoMartins, para omercado nacional em2017 são de pre-
ços baixos devido à alta oferta do produto, dentro da teoria
dos ciclos da cultura. “Vários produtores se empolgaram com
os altos preços no início de 2016, aumentaram plantios e ago-
ra vivem realidade de vender o produto com valores abaixo
do custo de produção”, constatou em janeiro de 2017. Quan-
to à exportação, que fica ainda na faixa dos 2% da produção,
vê tendência de aumento nos volumes embarcados, commais
produto e mais qualidade, além de câmbio ainda favorável.
O maior mercado do produto brasileiro é a Europa, com
Países Baixos, Portugal, Espanha, Reino Unido e Alemanha
aparecendo entre os principais compradores em 2016, se-
guidos dos Estados Unidos. Inclusive com este país, o Bra-
sil firmou acordo recente que deve facilitar as exportações.
Mudanças no plano de trabalho preveemmaior agilidade no
processo de colheita, tratamento e embalagemdo fruto, com
maior flexibilidade de horários para sua manipulação, o que,
conforme Martins, poderá ocasionar gradativo aumento nas
vendas ao mercado americano.
Mamãobrasileiroviveu
entre2015e2016fase
dereduçãoprodutiva
eaumentodepreços,
enquantooperíodo
seguintejámostra
novoquadro
Noritmodos
ciclos
ocorreu tanto no Norte do Espírito Santo
(Estado que é o segundo maior produtor
e principal exportador) e no Sul da Bahia
(Estado líder na produção), assim como
no Norte de Minas Gerais, no Oeste da
Bahia e em áreas produtoras do Rio Gran-
de do Norte e do Ceará. “A deficiência hí-
drica e as altas temperaturas provocaram
déficit na produtividade das lavouras de
mamão nacional”, observa Martins. O Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) verificou essa realidade em 2015,
que ainda se reflete em 2016.
Sem dados oficiais disponíveis para
este último ano, o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Ce-
pea), da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade
de São Paulo (USP), já levantava ao seu fi-
nal queda de área da ordem de 9,9%, em
pesquisa nas principais regiões produto-
ras, com reflexos na produção, nos preços
e na exportação. Os preços internos fica-
ram mais elevados, alcançando inclusive
o valor mais alto na série de que o orga-
nismo dispõe desde 2001 sobre o Espíri-
to Santo, garantindo assim rentabilidade
positiva aos produtores, conforme apu-
rou, mesmo com aumento de custos.
No primeiro semestre de 2016, confirma
Rodrigo Martins, da Brapex, os preços do
mamão atingirampatamares históricos. Se-
gundo suas informações, o Papaya no Espí-
ritoSanto e noSul daBahia chegou a atingir
amarca de R$ 6,00 pelo quilo da fruta colhi-
da no campo, enquanto o Formosa chegou
a valer R$ 4,00 pelo quilo na lavoura. Estes
preços dificultaramas exportações e contri-
buíram para a queda nos volumes exporta-
dos no ano (menos 4,67%), além, é claro, da
diminuição na produção nos pomares.
Já a partir do segundo semestre de
2016, de acordo com a mesma fonte, os
preços do produto começaram a cair: o
mamão Formosa baixou e estabilizou o
valor pago em média de R$ 1,00 pelo qui-
lo, até o final de novembro, quando des-
pencou para R$ 0,30 a R$ 0,40 pelo quilo,
assim permanecendo até janeiro de 2017.
Omesmo ocorreu, segundo ele, como Pa-
paya, que registrou altíssima produção a
partir de setembro, ocasionando “que-
da absurda” no preço, para média de R$
0,30/kg/campo.
Preço e oferta impactaram também
as exportações de papaya em 2016