Com preços baixos e acréscimo
de150%nosestoquesnacionaisnasafra2016/17,a
tendênciaédereduçãodeáreanapróximatemporada
A
grande questão considerada
para projetar o cenário futuro
de preços e de comercialização
domilho no Brasil é que sobra-
rámuito grão da safra 2016/17.
A Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) prevê estoque de 20,5 milhões de
toneladas na passagem do ciclo 2016/17
para operíodo 2017/18, mesmonas estima-
tivas otimistas de exportações em2017 e de
fortalecimento do consumo doméstico, a
despeito dos impactos negativos do escân-
dalodaOperaçãoCarneFraca,daPolíciaFe-
deral; da suspensão das compras dos Esta-
dos Unidos, da própria dificuldade cambial
e da conjuntural externa.
Este excedente representa acréscimo
de 150% nos estoques nacionais, fator de
pressão baixista dos preços. “Se nenhum
fato extraordinário ocorrer, como a que-
bra na safra dos Estados Unidos ou da se-
gunda colheita brasileira de 2018, ou nova
onda de depreciação damoeda brasileira,
a tendência é termos um a dois anos de
preços mais deprimidos para o milho no
Brasil”, projeta Rubens Augusto de Miran-
da, pesquisador da Embrapa Milho e Sor-
go, de Sete Lagoas (MG).
Depois da vertiginosa queda dos pre-
ços do milho, que chegou a 60% em algu-
mas regiões do Centro-Oeste, a safra de
verão 2017/18 deverá ser menor em área
e produção. Segundo ele, a inexistência
de fatos novos que indiquem melhora ro-
busta no valor da
commodity
em curto e
médio prazos confirma a tendência de
que o cereal perca espaço na safra verão
2017/18 e do inverno de 2018.
“Entretanto, sem considerar acréscimo
considerável nas exportações para os esto-
ques baixarema umpatamar que não exer-
ça pressão de queda nas cotações, seria ne-
cessário que a produção na safra 2017/18
ficasse, pelomenos, inferior a 60milhões de
toneladas”, ressalta. “Devido a esse cenário
aparentemente improvável, é factível pen-
sar neste prazo de até dois anos de valores
deprimidos para o cereal antes de uma re-
cuperaçãomais significativa.”
Na avaliação de Thomé Luiz Freire
Guth, da Conab, esse cenário deve confir-
mar que o produtor de primeira safra vai
preferir plantar soja, em especial no Cen-
tro-Sul, pois o risco de perder dinheiro com
o milho é alto. “Em alguns lugares, ven-
der milho a R$ 20,00 paga as contas, mas
no Sul, se ficar abaixo disso, é prejuízo”, as-
sinala. A primeira safra deve se concentrar
mais na soja e a segunda dependerá tam-
bémde outros fatores, como o clima.
n
Sob
pressão
Só queda acentuada na produção ou salto na demanda mudariam preços
Inor Ag. Assmann
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