Brasil deve exportar e consumir mais,
maspara issoprecisasercompetitivo, esãoessas
condiçõesqueacadeiaprodutivabuscaoferecer
A
cadeia produtiva do milho do
Brasil precisará retomar seus
clientes, e rápido, se quiser
equalizar os preços médios ao
produtor acima dos custos de
produção, gerando renda. Isso porque o País
dispõe do maior suprimento de sua histó-
ria, acima de 104milhões de toneladas, para
uma demanda interna que representameta-
de disso, e prevê exportar 28 milhões de to-
neladas, segundo a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab). Ainda vão sobrar
20,4 milhões de toneladas no mercado na-
cional,omaiorestoquedepassagemjávisto,
pressionandoas cotações internas.
A Associação Nacional dos Exportadores
de Cereais (Anec) tem projeção mais otimis-
ta: acredita num segundo semestre de forte
demanda e 30milhões de toneladas emven-
dasinternacionais peloBrasil, repetindoo re-
corde do ciclo 2014/15. O problema é que a
exportação do grão caiu 73,8% de janeiro a
junho de 2017, somando 3,2 milhões de to-
neladas, 10%do que a Anec prevê de embar-
ques.Nomesmoperíodode2016,anoatípico,
por condições cambiais equebrasprodutivas,
osnavioslevaram12,3milhões de toneladas.
A receita encolheu 72,8%em2017, para US$
561,4milhões. Somente o Irã comproumais,
enquantograndes clientes, comoJapão, Vie-
tnã, Taiwan e Arábia Saudita, foram sedu-
zidos por preços competitivos dos Estados
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Energia para crescer
A primeira usina de etanol doMato Grosso e do Brasil que usa exclusivamentemilho deve ser inaugurada no segundo semestre de
2017 emLucas doRio Verde. Demandará, em2018, pertode 1,1milhãode toneladas, 4%da atual produçãodoEstado. Outra, emVera
(MT), vai demandar mais 400 mil toneladas anuais. E três usinas de etanol de cana-de-açúcar utilizam o milho da safrinha emmuni-
cípios como São José do Rio Claro, Campos de Júlio e Jaciara, igualmente emMato Grosso, comprando ao menos pelo preço míni-
mo (acima de R$ 18,00 por saca) emregiões emque omercado livre opera entre R$ 11,00 a R$ 13,00 no pico da segunda safra de 2017.
Unidos. A disputa e a perda de espaço para a
sojanosportos tambématrapalharam.
O otimismo com os números do segun-
do semestre está baseado na supersafra e
sua pressão sobre os preços, que torna o
milho local competitivo, em dólar, no ex-
terior. E nos primeiros resultados obtidos
nos portos. O de Santos (SP) apontou em-
barque de ao menos 800 mil toneladas em
julho e o de Paranaguá (PR), mais de 1,2
milhão de toneladas de milho entre julho
e agosto. Em junho, 977 mil toneladas ru-
maram ao exterior, o maior volume para
o mês na história. A Anec acredita que há
tempo para recuperar as vendas externas,
e que isso vai favorecer também a recom-
posição gradual dos preços domésticos. Ao
mesmo tempo, o consumo interno deve se
aquecer. Mesmo com o primeiro semestre
com demanda aquém do esperado e com
exportação menor em volume (mas com
ganho emreceita), as cadeias de aves e suí-
nos projetamaumentode 1%nos negócios
como exterior em2017.
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Apoio indispensável
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson
Paolinelli, entende que, mesmo exportando bemem2017, os agricultores precisam ser
criativos e eficientes, e nemassimtodos escaparãodoprejuízo – emespecial noCentro-
-Oeste – se não contaremcomapoio do governo federal para garantir preçosmínimos e
escoamento da safra. “Os leilões, que beiram a 5 milhões de toneladas, são paliativos.
Precisamos de seguro e política agrícola que garanta a produção, a renda e a competiti-
vidade, alémdeapoioàestruturade logística, escoamentoearmazenagem”, sentencia.
Para ele, o “pulo do gato” será a ampliação das cadeias de proteínas (aves, suínos,
confinamentosbovinos, ovos e leite) noCentro-Oeste, oque serácapazdeaumentar em
2,5vezesareceitadeexportaçãodosetor.“Etodomundoganha”,diz.Aproduçãodeeta-
noldemilho,tambémdefendidapeloministrodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento,
BlairoMaggi,éoutrocaminhoapontadoporPaolinelliparaagregarrendaereduzirosex-
cedentesnopicode segundasafranocerradobrasileiro. “A transformaçãoemproteínae
energiaéo futurodomilhobrasileiropara reforçar aeconomiadoPaís edoagronegócio.
Omundoquer enóspodemosproduzir”, afirma.
Fonte:
Secex/Conab.
Como vai?
how is it going?
Previsão de exportação mensal de milho de fevereiro de 2017 a janeiro de 2018 (Mil T)
Fevereiro/17 Março/17 Abril/17 Maio/17 Junho/17 Julho/17 Agosto/17 Setembro/17 Outubro/17 Novembro/17 Dezembro/17 Janeiro/2018
487.996 243.407 155.352 310.000 400.000 2.000.00 4.500.00 4.500.00 4.500.00 4.000.00
3.000.00
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