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a safra 2016/17, o tradicional Programa Milho e Feijão após a Colheita
do Tabaco será ampliado para pastagens. A proposta motiva a adoção
da pecuária leiteira e de corte, alémda ovinocultura, e foi sugerida pela
cadeia produtiva de Santa Catarina, onde a integração lavoura-pecuá-
ria vem sendo uma das ferramentas para agregar renda, sustentabili-
dade e melhor aproveitamento dos recursos da pequena propriedade.
Com a coordenação do Sindicato Interestadual da Indústria de Tabaco (Sindi-
Tabaco) há três anos, o programa tem três décadas e alcança expressivos resulta-
dos em termos de agregação de renda e de intensificação no uso da terra comboas
práticas agrícolas. Através de convênios, recentemente renovados, recebe suporte
dos parceiros da assistência técnica e de federações da Agricultura e dos Trabalha-
dores na Agricultura do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além da
Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), da Fundação de Apoio à Pesquisa
Agropecuária (Fepagro), da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e do Sindica-
to das Indústrias de Produtos Suínos (Sips/RS).
Programaque
estimulaoplantio
demilhoedefeijão
apósacolheita
dotabacopassaa
agregarocultivo
depastagensno
SuldoBrasil
“Incluir a pastagem é movimento natural de diversificação embusca de ampliação da matriz produtiva,
de geração de renda e de soluções agronômicas, no conceito de integração entre lavoura e pecuária”, ex-
plica Darci José da Silva, assessor técnico do SindiTabaco. O programa propõe que após a colheita do ta-
baco o agricultor cultive, na mesma área, em sucessão, o milho (grão ou silagem), o feijão e/ou a pastagem
para aproveitar o resíduo de adubo, proteger e melhorar o solo, quebrar o ciclo de pragas, doenças e inva-
soras, intensificar o uso da propriedade, máquinas, mão de obra e implementos, diluir custos, gerar renda
e obter até mesmo um insumo importante para as criações.
Safrinha
Em2015, ocultivodemilhoe feijãona restevado tabaco, emsistemade safrinha, geroucerca
de R$ 650 milhões em renda aos produtores dos três estados do Sul. De 152 mil hectares semeados, 127 foram
destinados aomilho, com renda de R$ 520milhões, e 25mil hectares ao feijão, agregando R$ 130milhões. Pre-
visto emSanta Catarina, o programa foi estendido aos demais estados na renovação dos convênios.
Agora, envolve o incentivo e as orientações dos parceiros de assistência técnica para a formação de pas-
tagens voltadas à produção leiteira. “Nossa bacia leiteira está crescendo e há demanda por pastagens e por
essa integração”, reconhece Airton Spies, secretário adjunto da Agricultura e Pesca de Santa Catarina. Explica
que em Santa Catarina as propriedades em sua maioria são pequenas, commão de obra familiar e com bai-
xa disponibilidade de terra. Isso requer técnicas para o aproveitamentomáximo da área a fimde obter omá-
ximo em renda e qualidade de vida. Nesse sentido entra a pecuária como atividade complementar, permitin-
do converter de forma eficiente a pastagememcarne. “Oprodutor deve ser eficiente tambémcomo produtor
de pasto, e assim será bom bovinocultor de leite ou de corte”, salienta Spies.
O secretário adjunto catarinense frisa que o tabaco é excelente parceiro, pois deixa área agricultável no-
bre disponível, com resíduos de adubação capazes de gerar boa pastagem, que vai se converter em carne,
leite e renda. “Na propriedade, o fator limitante de produção é exatamente a área. O uso racional e intensivo
deste recurso é determinante para o sucesso e para a viabilidade da propriedade”, resume Spies.
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Via láctea
Com70mil produtores de leite no Estado, Santa Catarina vê como determinante para a expansão deste setor nas pequenas pro-
priedades a integração entre lavouras e pecuária e o cultivo de pastagens após o tabaco. Trata-se da intensificação do uso de áreas,
potencializando a produção de leite e de carne. Para Airton Spies, secretário adjunto de Agricultura e Pesca do Estado, há muito a
ganhar com a iniciativa de plantar pastagens com princípios agronômicos corretos.
Além de agregar renda, há a comemorar o manejo, a proteção e a melhoria das condições do solo. “Ruminantes são magnífi-
cas máquinas de converter biomassa emdinheiro, através de carne e leite”, explica Spies. “O produtor pode escolher a espécie que
melhor converte, se gado leiteiro, de corte ou ovinos, dependendo do mercado e dos canais de comercialização e da disponibilida-
de de terra e do volume de pastagens que terá”. Segundo ele, quanto mais próximo estiver o polo de comercialização, maior tende
a ser a conversão da proteína em dinheiro.
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