Anuário Brasileiro da Uva 2016 - page 25

CRESCIMENTO ENTRE OS GRANDES
O Brasil é hoje o sexto maior produtor de vinhos do hemisfério Sul, onde estão os chamados produtores do Novo Mundo. Até 2015,
o País estava na quinta posição, tendo sido superado em 2016 pela Nova Zelândia – nova nação produtora de vinho com vantagens de
escala de produção devido a fatores como topografia, clima, custos produtivos, tributação e até mesmo aspectos culturais em relação
ao consumo de vinho em seu próprio mercado. A mudança no
ranking
não tira o brilho e o entusiasmo dos produtores brasileiros.
O Ibravin acredita que, se a indústria nacional conseguir ampliar em poucos pontos percentuais o consumo no mercado interno,
já haverá espaço suficiente para a produção brasileira, tendo boa convivência com os importados. Atualmente, o consumo
per capita
anual gira em cerca de 1,8 litro, enquanto na vizinha Argentina chega a 24 litros por ano. Outros países sul-americanos que também se
destacam pelo consumo de vinho são Uruguai, com 20,4 litros
per capita
; e Chile, com 17,4 litros. Segundo a Organização Internacio-
nal da Vinha e do Vinho (OIV ), o Brasil é o 15º maior produtor de vinho.
Caiu no
As ocorrências climáticas desfavoráveis
ao longo de 2015 provocaram quebra de
57% na safra de uva gaúcha, com relação di-
reta na redução do volume de vinho a ser
produzido no ano. Mas, apesar das adversi-
dades, de maneira geral o cenário é positivo.
O setor qualifica o cultivo das videiras, com
novas tecnologias, apostando em variedades
mais adequadas para cada região. De acor-
do com o enólogo Dirceu Scottá, presidente
do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o
processo de aperfeiçoamento vem ocorren-
do de forma gradual e contínua.
“Na parte de vinificação, há pouco mais
de 10 anos o mercado observava uma revo-
lução na elaboração dos vinhos finos brasi-
leiros, que obtiveram reconhecimento in-
ternacional e vêm ganhando credibilidade
também no mercado interno”, refere. Já nos
vinhos de mesa, está havendo ajuste entre
demanda e oferta, com a destinação cada
vez maior das uvas americanas e híbridas,
até então utilizadas para vinho, à produção
de suco de uva integral. Para o dirigente, a
grande novidade é a mudança na percepção
sobre os vinhos brasileiros.
Essa tendência resulta da própria evo-
lução do segmento, aliada a uma estratégia
contínua de comunicação com o consumi-
dor e de produção junto com o mercado.
“Ainda há questões tributárias, de logística,
de hábitos e mesmo de oferta internacional
que fazem com que a categoria seja muito
concorrida e, por vezes, desfavorável à com-
petitividade nos rótulos nacionais”, destaca.
“Mas, hoje, entre vinhos de mesa, finos e es-
pumantes, os vinhos brasileiros represen-
tam 73,5% do total comercializado no País”.
No caso dos espumantes, os nacionais têm
mais de 80% do
market share
.
Scottá pondera que as pessoas têm tido
mais acesso a informações, têm lido sobre
os prêmios e sobre o reconhecimento in-
ternacional, têm provado e percebido que
o produto brasileiro tem muita qualidade.
Isso resulta de toda a capacitação produti-
va, que veio acompanhada de outras estra-
tégias, como a busca por políticas públicas
e de promoção e de comunicação junto ao
mercado e ao público consumidor. “Nos úl-
timos anos, foram realizados grandes inves-
timentos na modernização dos vinhedos, na
busca de clones e de variedades mais adap-
tadas ao nosso
terroir
. E na indústria viníco-
la tivemos o surgimento de modernas plan-
tas de elaboração e de enoturismo”, cita.
dototal comercializadonoPaís
73,5%
entre vinhos de mesa, finos
e espumantes, os vinhos
brasileiros representam
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