Fôlego
cada vez maior
A vitivinicultura está presente em 10 es-
tados brasileiros, com maior representati-
vidade no Rio Grande do Sul, no Planalto
Catarinense, no Paraná, no interior de São
Paulo e no Nordeste do País, no Vale do São
Francisco. O crescimento da cadeia produ-
tiva é constante, elevando também a impor-
tância social e econômica da atividade, em
especial para a agricultura familiar. Apesar
de contar com empreendimentos de médio
e grande porte, o segmento ainda é essen-
cialmente familiar. Somente no Rio Grande
do Sul, calcula-se que 20 mil famílias este-
jam ligadas ao cultivo da uva e que 95% das
vinícolas sejam de pequeno porte.
Embora não haja geração intensiva de
mão de obra, uma vez que as próprias fa-
mílias atuam no cultivo, na produção e na
comercialização dos produtos, a vitivini-
cultura tem relevância imensurável, contri-
buindo para a manutenção dos pequenos
produtores no meio rural. Hoje, segundo o
Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), esti-
ma-se que o setor movimente 1% do Pro-
duto Interno Bruto (PIB) gaúcho. No Es-
tado, as vinícolas respondem por 90% da
produção nacional, preservando questões
históricas, culturais e econômicas impor-
tadas pelos primeiros imigrantes italianos,
que trouxeram consigo mudas de parreiras
e forte cultura ligada à bebida.
Em todo o Brasil, em 2015, foram pro-
duzidos 37,1 milhões de litros de vinhos fi-
nos, 210,3 milhões de litros de vinhos de
mesa e 87,9 milhões de litros de suco de
uva, totalizando 335,3 milhões de litros. Em
comparação com o ano interior, houve cres-
cimento em todo o segmento, apesar da re-
tração nos vinhos finos. Em 2014, o Ibravin
registrou produção total de 307,6 milhões
de litros, sendo 38,4 milhões de litros de vi-
nhos finos, 196,1milhões de litros de vinhos
de mesa e 73,1 milhões de sucos de uva.
No que tange à comercialização, em
2015 foram negociados pelo setor vinícola
brasileiro 19,7 milhões de litros de vinhos
finos, 207,6 milhões de litros de vinhos de
mesa, 117,7 milhões de litros de suco de
uva pronto para consumo e ainda 18,8 mi-
lhões de litros de espumantes. Na compa-
ração entre 2014 e 2015, os vinhos de mesa
tiveram crescimento de 0,78%, enquanto
nos vinhos de uvas viníferas a diferença foi
de 2,6%. O maior incremento foi registrado
nos vinhos espumantes, com 11,93% no
período. O total global de incremento nos
produtos vitivinícolas foi de 6,93%.
A diferença positiva também é atesta-
da pelo volume de uvas processadas. No
Rio Grande do Sul, maior Estado produtor,
o volume saltou de 606,1 milhões de quilos
em 2014 para 702,9 milhões de quilos no
último ciclo. Em 2015, foram processados
70,4 milhões de quilos de uvas de varieda-
des viníferas e 632,5 milhões de uvas ameri-
canas e híbridas – usadas na elaboração de
vinhos de mesa, sucos e outros derivados. A
área total cultivada com videiras em 2015,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), chegou a 79.094 hecta-
res no Brasil, somando uvas para processa-
mento e para consumo
in natura
.
ESTÍMULO AO CONSUMO
O enólogo Dirceu Scottá, presidente do Ibravin, comemora os resultados comerciais alcançados pelo setor nos últimos anos. Os
produtos com melhor desempenho são os espumantes e o suco de uva 100%. “No primeiro caso, em função de uma excelente re-
lação custo
versus
qualidade, temos 80% da participação de mercado”, explica. O suco de uva, por sua vez, além do sabor, conquis-
tou forte apelo de alimento funcional devido aos benefícios para a saúde. A categoria apresentou incremento de 91% no acumula-
do de comercialização nos últimos cinco anos. A intenção é prospectar resultados cada vez mais expressivos também para o vinho.
Para tanto, a cadeia produtiva não poupa esforços a fim de divulgar os benefícios da bebida. “As pessoas deveriam beber mais vi-
nho. Primeiro, porque é um produto agroalimentar. Diversos estudos e pesquisas já comprovaram que o vinho, consumido de for-
ma moderada, garante vários benefícios à saúde”, comenta. “No vinho, temos presente muito mais do que uma bebida alcóolica. Te-
mos cultura, tradição milenar, alimento, sabedoria e bem-estar”. O próprio Ibravin, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), conduz o projeto “Quali-
dade da taça”, que visa a qualificação no atendimento de bares e restaurantes.
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