Sorgo x milho
Entre as principais dificuldades da cadeia produtiva do sorgo nos dias atuais está a baixa demanda interna e externa pelo produto. Segun-
do o economista Leandro Menegon Corder, o milho temmercado muito maior no mundo, por haver know-how e confiança mútua entre ex-
portadores e importadores, e também temmaior aceitação internamente. Prova disso é que as importações e as exportações de sorgo são pou-
co relevantes. Em 2015, os embarques, com destino basicamente à África do Sul, foram de 27,49 mil toneladas, e totalizaramUS$ 4,2 milhões.
Outro ponto, na visão do analista de mercado da Conab, é que a pesquisa é bemmais lenta no sorgo, em comparação com o milho. Com
isso, o grão fica atrás em termos de produtividade. Mais uma dificuldade é a utilização limitada do produto, uma vez que, no País, ainda é usa-
do basicamente na formulação de ração animal, enquanto o concorrente milho apresenta mais possibilidades de usos. “Em outros países, o
sorgo também é utilizado na alimentação humana, mas essa é uma ideia que recém está surgindo no Brasil”, esclarece.
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Lugar ao sol
Grão ainda perde muito espaço para omilho nas lavouras, mas a sua
rusticidade e resistência são diferenciais para o campo em anos difíceis
A desvalorização do real tem servido como mola propul-
sora para culturas de exportação, a exemplo do milho e
da soja. Essa situação causa empecilhos para o sorgo, que
tem mercado restrito no exterior e acaba sendo substituí-
do no campo. A consequência é a diminuição da área plan-
tada e da produção. A estimativa da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) para a safra 2016 é de área cul-
tivada de 610 mil hectares, contra 722 mil no ano anterior.
A colheita deve ficar em 1,447 milhão de toneladas, com
produtividade de 2.372 quilos por hectare. No ciclo pro-
dutivo anterior, a produção foi de 2,055 milhões de tone-
ladas colhidas, com média de 2.998 quilos por hectare.
De acordo com o economista Leandro Menegon Cor-
der, analista de mercado da Conab, o cultivo de sorgo no
Brasil vem diminuindo, em especial pela baixa produtivi-
dade e pela pouca pesquisa em relação ao milho, que aca-
ba sendo economicamente melhor. Apesar da maior resis-
tência do sorgo em condições climáticas mais severas, a
atividade é colocada de lado pelo agricultor. “Para 2017,
com o atraso do plantio da primeira safra e com a entrada
na janela de risco para a segunda, pode ser que o produ-
tor, para minimizar os riscos, acabe escolhendo o sorgo,
buscando menor percentual de quebra”, articula.
Sobre as questões de mercado, Corder reforça que o
preço depende, basicamente, das cotações do milho. Isso
porque o sorgo é um produto substituto do milho, mas
com menor preferência, além de ter teor energético um
pouco inferior. “Os preços dispararam nos últimos tem-
pos pela falta de grãos no Brasil, pois o câmbio desvalori-
zado incentivou a exportação de milho”, referea. Corder
ressalta ainda que a quebra prevista para parcela da pro-
dução do Centro-Oeste, causada pela falta de chuvas, tam-
bém força as cifras do sorgo para cima.
Além dos atuais patamares de valorização do produto,
outra conquista a ser comemorada pela cadeia produtiva são
as novas variedades que serão testadas e que podem dar ao
produto um pouco mais de competitividade. Hoje, o sorgo
é usado de forma acentuada em regiões que podem apre-
sentar problemas de chuva e quando há atraso no plantio,
pois aumenta o risco de plantar milho em tais condições.
Recentemente, também foram conduzidos estudos para
consumo do sorgo na alimentação humana, o que tende
a aumentar a demanda pelo produto, que é neutro em sa-
bor e não contém glúten, podendo ser usado por celíacos.
A produção de sorgo deve chegar a
610 mil toneladas na safra 2015/16