Situação interna
O consumo de trigo no Brasil cresceu entre 2011 e 2014, mas houve redução em 2015. Projeta-se nova queda em 2016, de 10,7
milhões de toneladas em 2015 para 10,2 milhões de toneladas em 2016. “Os estoques iniciais, a produção brasileira e a importação
suprem essa demanda. Porém, do volume total disponível para o suprimento do consumo interno, estima-se que o País seja depen-
dente em 45% do produto vindo do exterior”, explica Flavio Enir Turra, gerente da Ocepar.
Também há previsão para a redução dos estoques brasileiros, de 1,2 milhão de toneladas em 2015 para 770 mil toneladas em
2016. Essa condição é inferior ao suprimento de um mês de consumo, de cerca de 820 mil toneladas. Conforme o analista, os pre-
ços encontravam-se maiores do que em 2015 e a liquidez vinha sendo melhor do que a registrada há três ou quatro anos. Mas refor-
ça que em 2016 alguns fatores podem desfavorecer o produtor brasileiro e beneficiar o comprador nacional: o bom estoque mun-
dial de trigo e a possibilidade de a Argentina se mostrar mais agressiva na oferta ao mercado externo.
“A Argentina, nossa principal fonte de importação para suprir a demanda do mercado interno, reduziu fortemente suas exportações
de trigo para o Brasil em 2013”, comenta Turra. “Após a eleição do presidente Mauricio Macri, as negociações devem ser retomadas em
maior volume depois da redução de impostos para exportação de commodities agrícolas.” Os estoques mundiais estavam nos maiores
níveis históricos e a relação com o consumo era o maior dos últimos 13 anos-safras. “Isto por si só constitui fator de pressão sobre as
cotações internacionais. No Brasil, porém, os estoques no final da próxima temporada devem ser baixos”, conclui.
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Os riscos da cultura do trigo estão fazendo com que mui-
tos agricultores optem por não realizar o plantio. Aspectos
como questões climáticas, de preço, liquidez e produtivida-
de, ligados à produção do grão, deixam quem produz des-
confiado. Nas últimas duas safras, o clima, em especial, acar-
retou quebra no rendimento e prejudicou a qualidade do
produto. Além disso, o setor se queixa da falta de política
adequada de comercialização, que cubra os custos de pro-
dução e remunere os produtores. Em 2016, projeta-se que a
área de cultivo fique em 2,119 milhões de hectares no Brasil,
com redução de 13,4%, ou 329,1 mil hectares.
Conforme a projeção de junho da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), a produção deve chegar a 5,882 mi-
lhões de toneladas, com queda de 347,3 mil toneladas em
relação à safra anterior. Já a produtividade eve aumentar,
passando de 2.260 quilos por hectare em 2015 para 2.775
quilos por hectare em 2016. “Apesar de haver a expectativa
de aumento na produtividade das lavouras, espera-se redu-
ção em área e em produção do cereal", explica o agrônomo
Flavio Enir Turra, gerente da área técnica e econômica da Or-
ganização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). "Isso pode
ser explicado pelos elevados prejuízos dos produtores de tri-
go na última safra, em especial no Rio Grande do Sul, e pela
situação favorável ao milho safrinha no Paraná."
A região Sul é responsável por 91% do cultivo do trigo no
Brasil. O Paraná é o maior produtor, respondendo por 54% da
produção do cereal no País, seguido pelo Rio Grande do Sul,
com 34%. No maior Estado produtor, a redução na área de tri-
go deve chegar a 186,6 mil hectares, passando de 1,34 milhão
de hectares para 1,15milhão de hectares. A produção geral deve
ser de 3,1 milhões de toneladas nas lavouras paranaenses, com
redução de 216,2 mil toneladas em relação à safra anterior. Se-
guindo tendência nacional, a produtividade, por outro lado,
deve ser superior, com acréscimo de 218 quilos por hectare.
Segundo o mestre em economia agrícola, depois das que-
bras produtivas em 2015, provocadas especialmente pelo
efeito El Niño, em 2016 a preocupação não é com o exces-
so de chuvas, mas com as geadas durante o desenvolvimento
da cultura – havia previsão de intensificação das massas de
ar polar na região Sul do País. Diante das constantes dificul-
dades provocadas pelo clima, os esforços da cadeia produti-
va concentram-se no aperfeiçoamento das políticas públicas
junto aos órgãos governamentais, para melhorar as condi-
ções de produção do cereal. Entre as reivindicações está a
adequação dos preços mínimos para que cubram, pelo me-
nos, os custos de produção do agricultor.
Conjuntura adversa deixa os produtores inseguros no Brasil e com isso a
área de cultivo tem recuado. Apenas o aumento da produtividade consola
Apesar da retração na área, rendimento
deve ser maior na safra 2015/16