Jornal da Emater - Edição 3 - page 20

Unir florestas ao
cultivo de árvores
frutíferas, grãos
ou mesmo criações
de animais pode ser
excelente negócio
na atividade
agrícola
Q
ue tal produzir mais, com me-
lhor aproveitamento da mão
de obra e ainda preservar o
meio ambiente? Essa é a ideia
dos Sistemas Agroflorestais (SAF), que di-
fundem a colocação, junto de florestas, de
dezenas de outros cultivos adaptados a di-
ferentes tipos de solos, vegetação, topogra-
fia e sistemas agrícolas regionais.
“Por se tratarem de sistemas de produ-
ção comuma cobertura vegetal permanen-
te do solo, apresentam grandes vantagens
de conservação, tanto do solo quanto da
água e da biodiversidade”, explica o assis-
tente técnico estadual da Emater/RS-Ascar
Antonio Carlos Leite de Borba, da área de
florestas e sistemas agroflorestais, ressal-
tando que estes podem ser utilizados tam-
bém para restaurar florestas e recuperar
áreas degradadas.
Já nas modalidades de Integração La-
voura, Pecuária e Floresta (ILPF) são ado-
tados de forma conjunta com árvores cul-
tivadas para gerar madeira. Neste caso, são
necessários espaçamentos mais abertos,
com culturas anuais, ou produção pecu-
ária, devido ao efeito do sombreamento.
Estes sistemas, em geral, apresentam me-
nor diversidade de espécies e um arranjo
espacial mais regular, facilitando a meca-
nização das áreas e uma produção mais
intensiva.
Conforme Borba, a dificuldade de ma-
nejo dos Sistemas Agroflorestais depende
da complexidade estrutural e da diversi-
dade de espécies do sistema implantado.
Já os sistemas de ILPF apresentam menor
diversidade de espécies, normalmente for-
mados com o plantio de grãos, como mi-
lho, feijão ou soja, e um componente arbó-
reo, como eucalipto, pinus ou acácia negra,
juntamente com uma espécie exótica e de
rápido crescimento, possibilitando maior
facilidade de mecanização, de implanta-
ção, manejo e exploração.
Como iniciar
Para a implantação de Sistemas Agro-
florestais é recomendado o uso de espécies
nativas, como o angico, o cedro e a can-
jerana, entre outras, ou espécies exóticas,
como o eucalipto, o pinus e a acácia negra.
“Depende do objetivo do agricultor: ma-
deira para energia, como a lenha; uso na
propriedade, serrada ou até celulose. É um
critério fundamental para a escolha das
espécies, devendo considerar-se também
aspectos relacionados ao licenciamento
ambiental, diferenciado para espécies nati-
vas e exóticas”, ressalta o assistente técnico.
Quanto ao espaçamento entre as filas
de árvores, é recomendado que sejam pre-
servados de 15 a 30 metros para melhor
entrada de luz e maior tempo de perma-
nência. No caso da recuperação ambiental
de áreas degradadas e/ou de produção de
frutas e madeira, a distância indicada fica
entre 5 e 10 metros.
Nos sistemas de integração com pecu-
ária, recomenda-se a entrada dos animais
após os três anos de implantação florestal,
para que as árvores não sejam danificadas
por eles. “Além disso, no caso de entra-
da do gado, a orientação é de que seja de
terneiros e não vacas de maior porte, ini-
cialmente. Depois do quarto ano de desen-
volvimento florestal, pode-se entrar com
rebanho de maior porte”, orienta Borba.
Colheita na floresta...
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