Jornal da Emater - Edição 3 - page 18

NUMA época que
o Brasil alcança
a marca de
12 milhões de
desempregados,
cresce o número
de pessoas que
abandonam as
cidades em busca
de renda e
DE qualidade
de vida no campo
D
urante 15 anos,
Jeferson
Migon
trabalhou na cons-
trução civil em
Tapejara, distante cerca de 50
quilômetros de Passo Fundo.
Aproveitou o
boom
do setor
desde o início dos anos 2000
até o início desta década tra-
balhando como servente. Ao
observar o declínio no número
Cultivando
a felicidade
Êxodo Urbano
Jeferson Migon exibe
morangos dos 7.500 pés
implantados em estufas no
interior de Tapejara;
ele expandiu a produção
para alface, rúcula,
melão e melancia,
e colhe satisfeito mais
qualidade de vida no campo
de obras e a queda na renda fa-
miliar, ele percebeu que era hora
de mudar de vida.
Como bom empreendedor,
começou a investigar as pos-
sibilidades de negócio na área
rural. Percebeu que o cultivo
de morangos era pequeno na
região, sendo esta uma fruta
que geralmente tem boa procu-
ra e preços elevados. Raspou as
economias e, junto com o pai,
adquiriu a propriedade de 40
hectares do avô, na localidade
de Coroado Alto, no interior do
município. De posse da terra, foi
até a Emater-RS/Ascar em bus-
ca de apoio técnico, no final de
2015. “Ficamos impressionados
com a determinação dele. Em
dezembro, tivemos a primeira
conversa; e emmaio ele já estava
com as três estufas montadas”,
explica a agrônoma da Emater-
-RS/Ascar, Virgínia Viero, sem
esconder o entusiasmo com o
empenho de Jeferson.
Os conhecimentos da cons-
trução civil ajudaram na estru-
turação de estufas mais resis-
tentes a intempéries. Em vez de
madeira, foi usado concreto no
suporte. Para aumentar a renta-
bilidade, percebeu que poderia
incrementar a produção de al-
face e rúcula sob as bancadas,
aproveitando o adubo exceden-
te dos 7 mil pés de morangos
espalhados pelos 750m² de cul-
tivo protegido. O resultado, cla-
ro, foi positivo. Não satisfeito,
ele ainda passou a cultivar me-
lão e melancia ao lado das estu-
fas. A ideia agora é aprimorar a
produção de todos estes itens.
Em relação aos morangos, a
colheita é feita diariamente às
6h30, e por volta de 8h já está
no mercado em Tapejara, com
o apoio do pai, da mãe e da na-
morada. A média de produção
tem sido de 1 quilo por pé. “Eu
me dediquei muito. Agora, é
hora de colher. O morango é
uma fruta sensível, mas é uma
cultura apaixonante. Estou
muito feliz e tenho certeza de
que tomei a decisão certa”, diz
ele, enquanto caminha orgu-
lhoso em meio à produção.
Assim como Jeferson, cada
vez mais as pessoas estão fu-
gindo das áreas urbanas em
busca de renda e de qualidade
de vida. Quem tem origem no
campo e ainda possui paren-
tes que permanecem na área
rural levam vantagem nesta
mudançaa. “Percebemos este
movimento de êxodo urbano
ao longo de 2016. Ainda é pe-
queno, mas existe. Antes, era
impensável. A tendência é que
continue ao longo de 2017”, ex-
plica Virgínia.
18
JORNAL DA
EMATER
MARÇo de 2017
1...,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17 19,20,21,22,23,24
Powered by FlippingBook