recuperação de
solos na região
de soledade muda
o panorama de
cultivo em áreas
que costumam
ter problemas
com a erosão
E
m Soledade, quase na
divisa com o município
de Espumoso, o produ-
tor Hilário Bellini Otto-
ni possui uma URT de solos, que
envolve cerca de 50 hectares dos
450 cultivados com soja. As ativi-
dades começaram em março de
2016, depois da colheita da oleagi-
nosa. Após análise e correção com
calcário e descompactação, a área
recebeu terraços de base larga.
“Hoje a soja está diferente,
mais viçosa, e isso nos faz plane-
Safra de
resultados
em Soledade
jar a ampliação da área”, come-
mora um dos filhos do produtor,
Vinícius, que também adotou
o Manejo Integrado de Pragas
(MIP) e se prepara para iniciar a
rotação de culturas com forragei-
ras e milho, o que vai melhorar
ainda mais a qualidade do solo.
“No inverno passado, plantou-se
trigo nesta área e os resultados
foram positivos, já que, por ser
a primeira safra, foram colhidos
até 92 sacos por hectare”, destaca
o agrônomo da Emater/RS-Ascar
de Soledade, Roger Terra de Mo-
raes, ao avaliar que o processo de
construção de fertilidade é lento,
mas garantido.
Na soja, a primeira safra utili-
zando técnicas conservacionistas
também foi positiva. “No ano
passado, a produtividade média
foi de 60 sacos de soja por hectare
e, se o clima continuar como está,
projetamos para esta safra a mé-
dia de 70 sacos por hectare”, ante-
cipa Moraes.
Toda a região de Soledade tem
problemas com erosão. No início
de janeiro deste ano, houve picos
de 100 mm de chuvas em pouco
mais de 30 minutos, o provocou
grandes contratempos em lavou-
ras de soja sem trabalho de con-
servação ou recuperação do solo.
Na propriedade dos Ottoni, isto
não aconteceu, sendo a erosão
totalmente eliminada.
A área sediou um dia de cam-
po em setembro de 2016 e em
fevereiro deste ano. Entre os con-
selhos repassados aos agriculto-
res está a confecção dos terraços
entre abril e maio, após a colheita
das culturas de verão, seguida do
plantio de uma cultura de inver-
no, como trigo ou aveia. Estas
plantas possuem raízes mais pro-
fundas, o que ajuda a estabilizar
o terraço, e vai evitar a chamada
vossoroca, que é o carregamento
do solo pela chuva.
“Hoje comecei certo um tra-
balho que se iniciou errado há 20
anos, mas com certeza será pos-
sível ter boa produção e ótimas
rentabilidades, o que poderá in-
centivar a gurizada a permanecer
no campo”, desabafa o produtor.
Ele ainda atua como professor
das disciplinas de Solos e Máqui-
nas Agrícolas da Escola Técnica
Campina Redonda, no interior
de Espumoso, para filhos de agri-
cultores, cujas idades variam de
15 a 18 anos. “Estamos mudan-
do os conhecimentos, buscando
evitar a saída dos alunos das pro-
priedades”, enfatiza Vinícius.
Ainda na região de Soleda-
de, no município de Morma-
ço, o produtor Rogério Koenig,
também engenheiro agrônomo,
possui uma URT de 60 hectares,
onde são cultivados 53 hectares
de milho e sete de soja, irrigados
compivô central. Após omilho, o
produtor cultiva feijão.
“Iniciamos a recuperação da
área em maio de 2016, demar-
cando e construindo os terraços,
utilizando como cobertura nabo
e aveia em consórcio, semeando
milho em setembro”, destaca o
técnico emagropecuária da Ema-
ter/RS-Ascar, Dalvo Roberto Ar-
cari. Apesar de esta ser a primei-
ra safra após a correção do solo,
Arcari comemora os avanços e as
melhorias da qualidade e da fer-
tilidade do solo, salientando que
o produtor está muito satisfeito
com os resultados.
À direita, lavoura do produtor
Hilário Ottoni mereceu análise
e correção com calcário,
além de descompactação;
abaixo, corte da cultura
usada na adubação verde;
ao pé da página, implantação
de terraços de base larga
continua
14
JORNAL DA
EMATER
MARÇo de 2017