Taline Schneider
P
roduza seu alimento e colha saú-
de” é o nome da campanha pro-
movida pelo escritório da Emater/
RS-Ascar de Frederico Westphalen
em 42 municípios do Médio Alto Uruguai e
do Rio da Várzea. Há três anos a ação be-
neficia famílias rurais e urbanas, escolas e
entidades da região como estímulo à pro-
dução de subsistência.
Conforme a assistente técnica regional
social do escritório municipal, Dulcenéia
Haas Wommer, a alimentação das famílias
é tema complexo, já que os hábitos têm se
modificadomuitonos últimos tempos. “Em
2014, o Brasil saiu do mapa da fome. Em
2015, entrou no da obesidade. Em torno de
60% da população brasileira tem sobrepe-
Oresgatedeantigos
hábitos,comaproduçÃO
DEALIMENTOSPELAS
PRÓPRIASFAMÍLIAS,
fazbemaocorpo
eaobolsode
quemvivenocampo
so, inclusive crianças”, cita. “Constatamos
ainda que quantomaior a renda da família,
menos ela produz seu próprio alimento e é
maior o consumo de industrializados. A ali-
mentação é um indicador essencial na qua-
lidade de vida.”
Dulcinéia defende o resgate de antigos
costumes. “Além da qualidade de vida e
da saúde preservada, quanto mais nos nu-
trimos com o que é produzido nas hortas e
nos pomares domésticos, maior a econo-
mia”, diz. Pesquisa realizada pela Emater/
RS-Ascar mediu o valor mensal economi-
zado pelas famílias com a produção para
subsistência. Emmédia, no caso de quatro
pessoas, são cerca de R$ 1,2mil por mês.
Os Manfio, de Erval Seco, conhecem bem
esta conta, tanto que poupam mais do que
a média, já que possuem produção diversifi-
cada. O consumo do casal, Saulo e Elizabete,
e dos filhos Danrlei e Guilherme é superior
a R$ 1,4 mil por mês. “É um valor que deixa-
mos de gastar no supermercado, já que tudo
é produzido aqui mesmo”, frisa Saulo. “Além
da economia financeira com a produção
própria, temos certeza do que estamos con-
sumindo, garantindo a qualidade da nossa
alimentação e cuidado com nossa saúde”,
completa a esposa. O desempenho da famí-
lia fez comque a propriedade na qual vivem
sediasse um dia de campo, quando mais de
100 agricultores familiares puderam conhe-
cer os segredos adotadospeloquarteto.
Outro dia de campo, tambémpara cerca
de 100 produtores, foi realizado na proprie-
dade da família Matter, em Seberi. Lá vive
Egon e Evanir, que sempre cultivaramtaba-
co como principal fonte de renda. Nos últi-
mos anos, contudo, passarama investir em
novas atividades, por incentivo dos filhos,
para garantir a sucessão familiar.
“O pai foi abrindo espaço para nós na
propriedade e isso nos segurou no campo.
Ele decidiu ouvir e aceitar nossas ideias de
diversificação”, explica o filho Gustavo, que
há três anos implantou a bovinocultura de
leite no minifúndio. O irmão Juliano apos-
tou na piscicultura para geração de renda.
Eles também produzem hortaliças e outros
cultivos para subsistência, garantindo eco-
nomia emelhorando a qualidade de vida.
Tudo o que a família Matter produz e
consome, entre verduras, legumes, carnes,
panificados e outros alimentos, evita des-
pesa média mensal de R$ 1,5 mil. “Esse é
o valor que deixamos de gastar fora com
aquelas miudezas que a grande maioria
das famílias nemcontabiliza”, afirma Egon.
“
Diade campo na famíliaMatter, em
Seberi, salientoua importânciada
produção de alimentos napropriedade
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JORNAL DA
EMATER
março de 2018