Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 76

PontodeVista
JOSÉOTÁVIOMENTEN
Diretor financeiro do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS)
Ganhosem
todasasáreas
ProduçãodegrãosnoBrasilaumentou198%nosúltimos35anos,enquanto
aáreacultivadapelosprodutorescresceuapenas28%nesseperíodo
A
agricultura brasileira até pode
ter, em alguns momentos, sua
reputação e sua imagemques-
tionadas, mas a comunidade
científica acompanha com ri-
gor as inovações tecnológicas e o desenvol-
vimento desse segment vital, com dados
que comprovam a seriedade do agronegó-
cio nacional. É o que busca fazer o Conse-
lho Científico para a Agricultura Sustentável
(CCAS), criado como objetivo de discutir te-
mas relacionados à sustentabilidade. Parao
engenheiro agrônomo José Otavio Menten,
diretor financeirodoCCAS, énecessárioque
sempre prevaleça a verdade.
“OBrasil é líder na produção e na expor-
tação de soja, milho, cana, algodão e laran-
ja, entre outros. Essas conquistas ocorre-
ramemparalelo ao desenvolvimento social
do campo e a uma maior consciência e um
maior respeito ambiental”, defende. Segun-
doele, oaumentodaprodutividade foimais
importantedoqueaexpansãodaárea culti-
vada, demodo que cerca de 65%do territó-
rio brasileiro continua recoberto por matas
nativas. Nos últimos 35 anos, a produçãode
grãos no Brasil aumentou 198%, enquanto
a área cultivada cresceu 28%.
Odirigente destaca que o País desenvol-
veu tecnologias próprias para superar suas
limitações de nação tropical, onde todas as
culturas agrícolas estão sujeitas a ataques
de pragas. “Medidas de controle são ne-
cessárias, incluindo o uso de produtos fi-
tossanitários para reduzir danos, manter a
produtividade, aqualidadeeos custos com-
patíveis dos produtos agrícolas”, ponde-
ra. Através do Manejo Integrado de Pragas
(MIP), são reunidos todos os métodos dis-
poníveis: genéticos, biológicos, culturais, le-
gislativos e químicos. O resultado das boas
práticas é que, de 2004 a 2011, houve redu-
ção de 3% no uso de produtos fitossanitá-
rios por unidade de produto noBrasil.
Conforme Menten, o agronegócio na-
cional está fazendo a lição de casa, com
responsabilidade e cuidado. “Os produtos
fitossanitários em uso no Brasil são extre-
mamente seguros, desenvolvidos por em-
presas que empregam ciência e tecnologia
de ponta. Para que um novo produto che-
gue aos produtores rurais, há necessidade
demuita pesquisa e de avaliações rigorosas
de qualidade”, pondera. São necessários
cerca de 12 anos de estudos e investimen-
toaproximadodeUS$250milhõesparaque
uma nova substância possa ser utilizada.
Antes de serem liberados para os agri-
cultores, Menten explica que os produ-
tos ainda devem ser registrados junto aos
órgãos reguladores, no caso, Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (Mapa), Agência Nacional de Vigilân-
cia Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
rais Renováveis (Ibama), que seguem pro-
tocolos internacionais e exigem cerca de
cinco anos de estudos por parte dos espe-
cialistas. “Esse procedimento fez com que,
nos últimos 40 anos, as doses dos produ-
tos fitossanitários utilizados no Brasil fos-
sem reduzidas em quase 90% e a toxicida-
de aguda emmais de 160 vezes”, cita. Para
o especialista, apesar de toda a qualidade
empregada, é preciso que as boas práticas
agrícolas sejam adotadas no campo, com
educação e treinamento dos usuários.
“Seguir rigorosamente a receita agro-
nômica, em especial quanto à dose a ser
utilizada e a obediência do intervalo de se-
gurança, é fundamental para que não haja
contaminação”, assinala. “Isso tem contri-
buído para que a qualidade dos alimentos
ofertados à população seja adequada, e é
confirmado pelo monitoramento dos Limi-
tes Máximos de Resíduos (LMRs)”. Em no-
vembro de 2016, a Anvisa divulgou relató-
rio do Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (Para), que ana-
lisou resíduos de 12.051 amostras de 25 ali-
mentos de amplo consumo – coletadas de
2013 a 2015 em 27 estados e no Distrito Fe-
deral. O resultado apontou que 99% das
amostras estavam livres de resíduos que
representam risco agudo para a saúde dos
consumidores.
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