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e em 2016 o Brasil teve frustra-
ção na safra e cotações recordes
para a culturadomilho, comdifi-
culdades de abastecimento para
os segmentos de rações e carnes
e baixos estoques, em 2017 a tônica da ca-
deia produtiva deverá ser uma histórica pro-
dução nacional de 84,48 milhões de tone-
ladas, segundo estimativas da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). A pro-
jeção é de 28,4 milhões de toneladas colhi-
das na primeira safra e outras 56,08milhões
de toneladas na segunda safra. O incremen-
to, assim, seria de 26,9% sobre o total da
temporada anterior.
Com a baixa oferta interna, o Brasil re-
gistrou em 2016 o maior volume de im-
portações em 20 anos, em montante pró-
ximo de 2,5 milhões de toneladas. Isso
pela conjuntura atípica, que somou exces-
so de exportações no ciclo 2015/16, apro-
veitando o mercado internacional ativo
e o câmbio favorável, e redução na área
plantada de verão. A segunda safra foi afe-
tada por problemas climáticos e pelo atra-
so do ciclo da soja no Cerrado.
A saca de 60 quilos de milho superou
médiasdeR$60,00noSuldoPaísnoprimei-
ro semestre de 2016. Mesmo menor do que
a previsão inicial, a colheita da segunda sa-
fra resolveu os problemas de abastecimen-
to, reduziu os patamares de preços e esta-
beleceu cotações mais equilibradas para o
segundo semestre. Em geral, os preços es-
tiveram bem acima do custo de produção
e os produtores conseguiramse capitalizar.
O cenário será completamente dife-
rente em 2017, segundo Thomé Luiz Frei-
re Guth, analista da Conab, por causa
do aumento da oferta e dos estoques de
passagemmais altos no Brasil, no Merco-
sul e nos Estados Unidos, com preços in-
ternacionais também mais baixos. O cli-
ma favorável e os bons preços obtidos na
temporada anterior estimularam o agri-
cultor a plantar milho. Com isso, a área
total avançou em 1,1%, conforme as esti-
mativas, para 16,09 milhões de hectares,
diante de 15,92 milhões de toneladas da
soma das duas safras na etapa 2015/16.
Também por causa do clima e do aporte
tecnológico, é esperada alta significativa
na produtividade, de 25,6%, para 5.249
quilos por hectare.
Nacrista
daonda
Depoisdealcançarosmelhorespreçosdecomercializaçãoem2016,omilho
voltaráàscotaçõesnormaiscomsafratotalquetendeaserrecorde
MUNDOAMARELO
Omundo também terá safra maior e estoques maiores em 2017. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou
emdezembro de 2016 umquadro de oferta e demanda mundial que estima a produçãomundial de milho acima de umbilhão de tonela-
das. Mesmo com um consumo também acima deste volume, os estoques finais devem ficar em 222,24 milhões de toneladas, os maiores
da história, gerando relação estoque/consumo de 21,9%. Esta tendência vemmantendo o bushel na Bolsa de Chicago abaixo deUS$ 3,50.
Nomercadobrasileiro trabalha-se compreços futurosparaa segunda safranoMatoGrossoentreR$16,00eR$17,00pela saca, numa re-
alidade completamente diferente de 2016. “Comestes preços, a vantagemserá a competitividade no primeiro semestre para exportar”, re-
conhece Thomé Luiz Freire Guth, analista da Conab. Já Paulo Molinari, analista de Safras & Mercado, entende que o primeiro semestre de
2017 será de equilíbrio entre oferta e demanda, oque limitaria quedas nas cotações domilho. Entretanto, coma safrinha recorde que se es-
pera para 2017, o Brasil poderá ter de voltar a exportar 30 milhões de toneladas ao ano. “Sem essas exportações, haverá muita oferta, e a
tendência é de preçosmais baixos”, adverte.
Para reverter essa tendência, omercado precisa de um fato novo, mas Guth reconhece que, nomomento, não há grande perspectiva nes-
te sentido. “Esse fatonovoseriaumagrandequebrade safranacional ou internacional, umsaltosignificativonocâmbioouumavariaçãomais
importantenaBolsadeChicago”,menciona.“Enãohánenhumaperspectivadequeissoaconteça.Portanto,atendênciaédepreçosbemmais
baixosparaomilhoem2017, oque, sepor umladoé ruimparaoagricultor, é fator positivoparaas cadeiasde rações, leitee carnes.”
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