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OSCILANDO
O ano de 2017 foi marcado pelo forte e contínuo recuo nas cota-
ções de cafés arábica e conilon (robusta), concluíramos pesquisado-
res do Centro de Estudos Avançados emEconomia Aplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz (Esalq), vinculada à
Universidade de São Paulo (USP). Os valores do arábica foram pres-
sionados pelaqueda externa, nos primeirosmeses do ano. Enquanto
isso, no segundo semestre, os estoques razoáveis nos países consu-
midores e a boa expectativa quanto à próxima safra nacional influen-
ciaramas baixas nas cotações internas e externas do arábica. Amaior
médiamensal, de R$ 514,23 pela saca de arábica tipo 6, foi obtida em
janeiro, e amenor, de R$ 445,95, emoutubro.
Os preços do robusta ficaram aquecidos com a procura por parte
de torrefadorasparacomposiçãode
blends
,mas caíram, influenciados
pela maior oferta interna da variedade e também pelas projeções de
maiores volumes na etapa 2018/19 do Brasil e no ciclo 2017/18 do Vie-
tnã. A saca de robusta tipo 7 começou 2017 com a maior média em
janeiro, de R$ 495,20, e terminou com a menor em dezembro, de R$
362,31. Conforme a análise do Cepea, com as fortes quedas nos pre-
ços, os cafeicultores se retraíram ao longo de 2017, diminuindo o rit-
mo dos negócios. Alémdisso, com estoques confortáveis, grande par-
te dos países importadores do grão brasileiro reduziramas compras.
As exportações de café do Brasil também retrocederam em
2017. Os embarques totalizaram 30,790 milhões de sacas, com bai-
xa de 10,1%, comparados comas 34,268milhões de sacas enviadas
em 2016, de acordo com o relatório do Conselho dos Exportadores
de Café do Brasil (Cecafé). A receita cambial de café alcançou US$
5,2 bilhões em 2017, contra US$ 5,4 bilhões do ano anterior. O pre-
ço médio foi de US$ 169,36 por saca, 6,6% superior ao valor do ano
de 2016. A receita garantiu ao produto a quinta posição nos embar-
ques totais do agronegócio brasileiro, com 5,4% de participação. O
presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, explica que o mercado já
havia previsto esse resultado para 2017, devido à influência negati-
va do clima nos últimos anos. “Um exemplo foi a forte redução das
exportações dos cafés conilon”, cita.
Para2018, a recuperaçãodeve começar nosegundosemestre, com
a entrada da próxima safra. “Ao que tudo indica, a partir de julho, tere-
mos uma boa safra, favorecida pelos novos plantios, com bons tratos
culturais e com o bom índice pluviométrico que atinge todo o parque
cafeeiro até omomento”, relata Carvalhaes. Os estoques de passagem
devem ser os mais baixos da história na entrada da colheita da safra
2018/19. “Vamos acompanhar o desempenho das exportaçõesmais o
consumo interno neste primeiro semestre de 2018”, ressalta.
Os Estados Unidos continuaram importando o maior volume
de café do Brasil em 2017, com a aquisição de 6,125 milhões de sa-
cas (19,9%). Na sequência aparece a Alemanha, com 5,524 milhões
de sacas (17,9%). O
ranking
tem ainda a participação da Itália, com
2,781 milhões de sacas (9%); Japão, com 2,094 milhões de sacas
(6,8%); e Bélgica, com 1,772 milhão de sacas (5,8%). Destaca-se ain-
da o aumento na exportação para a Turquia (7,5%) e a Rússia (1,2%),
com908.466 sacas e 990.299 sacas, respectivamente.
posto por 34,25 milhões de sacas de arábi-
ca e de 10,72 milhões de sacas de conilon.
A quantidade do arábica apresentou re-
dução de 21,1% e a do conilon acréscimo
de 34,3%. A participação do conilon foi de
24%no total do ano. A alta foi emdecorrên-
cia da recuperação das lavouras de conilon,
que sofreram com a forte escassez de chu-
vas nos últimos anos. A cafeicultura brasi-
leira concentra-se nos estados de Minas Ge-
rais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, que
representam92%da área total de plantio.
O principal produtor, o Estado de Minas
Gerais, colheu 24,1milhões de sacas de ará-
bicae343,7mildeconilon,totalizando24,45
milhões de sacas, 20,4% a menos do que
em 2016. No Espírito Santo, segundo maior
cafeicultor, a produção diminuiu 1,1%, em
virtude da falta demudas para plantio e dos
efeitos da bienalidade negativa no café ará-
bica. OEstadoofertou5,92milhõesde sacas
de conilon e 2,95 milhões de arábica, o que
totalizou8,87milhõesde sacas.
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