Aqui émeu lugar
Com17 anos,
Douglas Luiz Etges
é um
dos jovens de sua comunidade que está
convicto sobre seu futuro: quer ficar na
propriedade e ajudar os pais Geóvio e Sil-
vaneEtges na conduçãodos negócios.Mo-
rador da localidade de Boa Vista, no inte-
rior de Santa Cruz do Sul (RS), o jovem
mudou seus planos somente nos últimos
trêsanos.“Meusonhoerasairdointeriore
achar umempregonacidade”, lembra. Se-
guindo os passos de um amigo, ingressou
na Escola Família Agrícola de Santa Cruz
do Sul (Efasc), em 2014, na qual abriu de-
finitivamente seus horizontes.
Prestes a concluir sua formação, o es-
tudante faz planos de ampliar a produ-
çãodealimentosorgânicosdaproprieda-
de de 80 hectares, onde a família cultiva
tabaco e hortaliças no sistema convencio-
nal. Os testes comomanejo semagrotóxi-
cos vêm prosperando e geram resultados
que animam o jovem empreendedor. No
início de 2016, junto com outros três co-
legas e um egresso da Efasc, Etges ideali-
zou e colocou emprática uma feira de or-
gânicos em sua localidade. Ela funciona
todos os sábados. “Hoje, valorizo tudo o
que temos e tenho certeza de que aqui é
meu lugar”, sintetiza.
da das propriedades, a inexistência de infraestrutura no meio rural e a falta de aces-
so à internet são fatores que expulsam os jovens do campo”, comenta.
Além disso, lembra de outros pontos determinantes, como a visão das famílias
de que o rural é ruime atrasado. “Os pais insistememdizer que não queremsua vida
para os filhos”, frisa. Conforme LinoMoura, o aumento da conectividade e da infraes-
trutura em algumas regiões rurais tem ajudado a frear a evasão das propriedades e
ainda contribui para que muitos jovens façam caminho inverso. A formação, seja no
ensino fundamental ou em capacitações específicas, favorece o aumento da capaci-
dade de gerenciamento e o aparecimento de novas lideranças rurais.
Nos mais de 60 anos de atuação da Emater/RS-Ascar, a sucessão rural sempre es-
teve na pauta de ações. “Está na gênese da extensão rural a ação com os jovens”, des-
taca o presidente da entidade, Clair Tomé Kuhn. Atualmente, a estratégia é trabalhar
as famílias como um todo. “Mudar a visão dos pais em relação ao rural é fundamental,
também focando na atuação dos jovens na gestão e na participação na renda das pro-
priedades”, diz, lembrando que programas relacionados à agroindústria e a mercados
diferenciados igualmente têmajudado amanter os jovens no campo.
n
População
rural deve ser
de apenas 10%
a 12% do total
dos gaúchos
até 2020
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