Anuário Brasileiro do Tabaco 2017 - page 72

Para se tornar oprincipal exportador de tabaco emfolhadomundo, oBrasil con-
seguiu unir duas importantes vantagens: o senso de oportunidade e a competência
para se adaptar a umnovo emais valorizadomercado. Nas décadas de 1960 e 1970,
a turbulência política e uma guerra civil na Rodésia, atual Zimbábue, abriramopor-
tunidade paraque oSul doBrasil produzisse umtipode tabaco superior a fimde su-
prir a demanda internacional.
Foi assim que ganharam impulso na agricultura brasileira as variedades norte-
-americanas, comooVirgínia, carro-chefedaproduçãoeda exportaçãonacional até
hoje. Como Zimbábue em convulsão social, a produção africana caiumuito. Como
já havia a presença de empresas internacionais na região de Santa Cruz do Sul (RS)
e elas perceberama oportunidade, novas técnicas foramadotadas paramelhorar a
produção brasileira. Na região Sul do Brasil predominava o cultivo do tabaco Ama-
relinho, entre outras variedades de baixo valor comercial, utilizadas para enchimen-
to. Havia participação nomercado internacional, mas de baixos valores e volumes.
Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sin-
diTabaco), lembra que começou a trabalhar no setor nos anos 70 e acompanhou de
perto toda essa transformação. Coma queda da produção na África, oBrasil teve de
investir muito em tecnologia. Isso envolveu das variedades ao jeito de plantar, ma-
nejar, colher e curar. “Era todo um processo novo e havia grande expectativa quan-
to à capacidade de o setor absorver essa grande mudança rapidamente”, lembra.
ahora
Hegemonia brasileira de 25 anos na exportação do
tabaco começou com o espaço deixado no mercado
externo pela extinta Rodésia, atual Zimbábue
Quemsabe faz
Em três safras, no entanto, os processos já eram
dominados pela cadeia produtiva. “O sistema in-
tegrado e a presença do orientador agrícola jun-
to aos agricultores, que foram muito receptivos,
são fatores que fizeramtoda a diferença”, afirma.
Darci José da Silva, engenheiro agrônomo e
assessor técnico do SindiTabaco, lembra que no
início do cultivo do tabaco Virgínia não se tirava
o broto da planta e nem a flor. “Foi quando pas-
samos a usar antibrotantes, a fazer desponte, e a
pesquisa agregou informações sobre fertilização,
espaçamento das plantas e um conjunto de téc-
nicas demanejoque desenvolveuuma produção
de excelência na região, com o tabaco alcançan-
do melhores estilos, obtendo melhores preços
e sendo produzido com custos menores do que
nos Estados Unidos”, explica.
QuandoomercadopercebeuqueoBrasil pro-
duzia tabaco com o mesmo nível de qualidade
dos norte-americanos,mas comcustosmenores,
aumentou a demanda internacional. Schünke
enfatiza que, a partir disso, muitas empresas se
estabeleceramnoBrasil, atraídaspelonovocená-
rio, que tornou o Vale do Rio Pardo uma das regi-
ões econômicasmais desenvolvidas do País.
Sistema passou por
profunda transformação
na década de 1970
para ser competitivo
Inor Ag. Assmann
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