Anuário Brasileiro da Uva 2016 - page 41

Mercado
flutuante
EFEITO PÓS-COPA
A queda nas exportações em 2015, na avaliação do Ibravin, deve-se a um efeito pós-Copa do Mundo de Futebol, realizada no País em
2014. Tendo como mote a realização do evento esportivo, foi traçada estratégia que alavancou as vendas de vinhos no exterior em 2014. “Era
esperado que as exportações tivessem declínio pós-evento em função da perda de visibilidade que os produtos ligados ao Brasil teriam de-
pois do evento mundial", frisa o presidente Dirceu Scottá. "Omesmo se verificou na África do Sul, que abrigou a Copa anterior.” Para o enó-
logo, a partir de agora é preciso qualificar ainda mais os produtos, começando pela matéria-prima e passando pelos processos de elabora-
ção, promoção e marketing dos vinhos espumantes e sucos brasileiros.
Para atingir os resultados almejados, a expectativa é de que seja colocado em prática o Programa de Modernização da Vitivinicultura
(Modervitis), proposto pelo Ibravin e pela Embrapa Uva e Vinho. Scottá lamenta que a iniciativa, assinada pelo governo federal, ainda tenha
poucas ações concretas. “Por meio deste programa, será possível fazer reconversões de parreirais de acordo com as características de cada
terroir
a fim de melhorar a produção, e levar tecnologia ao produtor, que o incentive a permanecer no campo e a ter maior rentabilidade
com sua produção, além de mecanismos de fidelização do produtor com a indústria, e uma série de outros fatores importantíssimos", frisa.
O espumante nacional vem ganhando
notoriedade no mercado internacional,
mas as exportações da bebida, bem como
os demais itens da cadeira vitivinícola bra-
sileira, ainda são pouco expressivas. Entre
2014 e 2015, os embarques inclusive apre-
sentaram queda, em quantidade e em va-
lor. Foram negociados 145 milhões de li-
tros em 2015, contra 452 milhões de litros
no ano anterior, diferença de 67,92%. Em
receita, a retração foi de 66,25%, passando
de R$ 929 milhões para R$ 712 milhões.
Os principais países compradores no últi-
mo período foram Paraguai, China, Uru-
guai, Estados Unidos e Reino Unido.
Na balança das importações, houve re-
dução nas chegadas de espumantes nos úl-
timos dois anos. De acordo com relatório
da Embrapa Uva e Vinho, elaborado pela
pesquisadora Loiva Maria Ribeiro de Mello,
foram adquiridos 4,314 milhões de litros
em 2014 e 4,105 milhões de litros em 2015.
Além da diferença de 4,92% em quantida-
de, a retração em valor foi de 4,08%, seguin-
do o mesmo panorama do segmento de vi-
nhos. “A crise econômica nacional pouco
afetou a quantidade de produtos importa-
dos, mas se refletiu nos preços médios de
importação”, refere. “Provavelmente foram
importados os produtos menos valoriza-
dos no mercado internacional.”
A analista destaca que, assim como nos
vinhos, o preço médio pago pela importa-
ção foi maior do que o recebido pelas ex-
portações. “O País pagou, em média, US$
7,93 e US$ 8,01 pelo litro, enquanto vendeu
ao mercado internacional ao preço de US$
4,66 e US$ 4,91 pelo litro, para os anos de
2014 e 2015, respectivamente”, esclarece.
No mercado interno, apesar da crise econô-
mica e do baixo desempenho da economia
brasileira, a comercialização dos vinhos es-
pumantes continua sua trajetória crescente,
com aumento de 16,64% em 2015. Os espu-
mantes moscatéis obtiveram vendas 22,48%
maiores e os espumantes finos, 14,51%.
Diante do cenário instável em toda a ca-
deia produtiva vitivinícola, o Instituto Bra-
sileiro do Vinho (Ibravin) aponta como
grande desafio, a partir de 2016, o fortale-
cimento do setor – principalmente diante
da possibilidade de os resultados de 2016
virem a não ser os mesmos de 2015. “Tive-
mos queda na safra de 57% e aumento na
carga tributária, o que tem dificultado nos-
so trabalho e até inviabilizado algumas em-
presas”, esclarece o presidente da entidade,
Dirceu Scottá. “Com o Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados (IPI) tendo ficado
em 10%, o percentual de tributos que inci-
dem sobre uma garrafa é superior a 60%. A
curto e médio prazos, nosso objetivo é re-
duzir a carga tributária e mostrar que isso
pode ser decisivo para o setor”, enfatiza.
milhões de litros em 2015
145
Foram embarcados
39
1...,31,32,33,34,35,36,37,38,39,40 42,43,44,45,46,47,48,49,50,51,...68
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