Jornal da Emater - Junho de 2017 - page 7

M
el, Paciência, Penélo-
pe, Castelhana, Grin-
ga, Merkel, Brahma,
Zelândia. Esses são
alguns dos nomes das vacas pro-
dutoras de leite que o jovemcasal
Paulo Wommer e Paola Closs, de
Marques de Souza, mantém na
propriedade em que trabalham
juntos, na localidade de Linha
Tigrinho. O carinho para com os
animais (explicitado no fato de
reconhecerem cada um deles por
umnome) tema ver coma impor-
tância da bovinocultura leiteira
em suas vidas. E em especial pelo
fato de, atualmente, as 18 vacas
em lactação renderemmédia diá-
ria de 385 litros de leite.
Paulo e Paola ainda podem ser
consideradosnovatosnaatividade.
Ela, antesdeconhecer o futuroma-
rido, sempre havia morado e tra-
balhado na cidade. Foi no primeiro
semestre de 2015 que resolveram
arrendar a área de terras em que
hoje desenvolvem a atividade. E
que pertence aos antigos patrões
de Paulo, com os quais trabalhou
durantemuito tempo emumcam-
casaldovaledo
taquari estava
praticamente
desistindoda
atividade. então
aconteceuuma
conversa...
LEITE
Ferveu!
ping local.Naépoca, as11vacasem
lactação rendiam 130 litros de leite
por dia. A baixa litragem, somada à
faltadequalidadedoproduto, qua-
seos fezdesistir daatividade.
A situação mudou após conver-
sa com extensionistas da Emater/
RS-Ascar, iniciando o processo que
contribuiriaparaatransformaçãoda
propriedade.“Foramdiversasações,
comoanálisede solo, acessoao cré-
ditoeorientaçãotécnicapermanen-
te, quepossibilitarammelhor plane-
jamentopara a atividade”, ressalta o
técnicoemPecuáriaDiovaneCardo-
so. “Quando o Diovane saiu daqui,
apósaprimeiravisita, lembrode ter
dito para a Paola que nunca mais
queria vê-lo na propriedade”, sorri
Paulo, acercado fatode“alguémde
fora” vir dar pitaconoseu trabalho.
QUEBRADEPARADIGMAS
Hoje, olhando para trás e vendo
como a atividade foi fortalecida por
meio da parceria de ambos com o
serviço de assistência técnica, Paola
concorda como fato de haver ainda
certo conservadorismo ou mesmo
algum tipo de receio quando o as-
suntoéanecessidadedemudanças.
Aindamais naquelas que envolvem
aquebradecertosparadigmas. “Sei
que muita gente ainda estranha a
forma como trabalhamos, como
investimos, por exemplo, em pas-
tagens permanentes, e como nos
dedicamos”, analisaa jovem. “Masé
muito provável que nosso caminho
fosse desistir do leite se não conse-
guíssemos ‘sairdochão’”.
Cardoso valoriza o processo vi-
venciado pelo casal que, mesmo
sem ter muita experiência, aceitou
o desafio de investir numa ativida-
de que pudesse ser considerada
nova. “Eu trabalhava como costu-
reira em Arroio do Meio quando o
Paulo me convidou para auxiliá-lo
no leite”, lembra Paola, rindo em
seguida pelo fato de ter tidomuito
medo no início. “No começo não
foi fácil, pois eu sequer tinha no-
ção sobre como tudo funcionava,
ou sobre a necessidade de estar
presente na roça todos os dias”,
salienta. “É preciso amar o que se
faz, e esse é o nosso caso”.
Cominvestimentos emuma sala
de ordenha, em equipamentos,
como distribuidor de esterco líqui-
do; em um silo para armazenagem
de ração e em ampliação de áreas
depastagens, contandocomacesso
ao crédito através do Programa Na-
cional deFortalecimentodaAgricul-
tura Familiar (Pronaf), o casal proje-
ta a permanência na propriedade.
“Nossa intenção é melhorar ainda
mais a produtividade, sem neces-
sariamente aumentar o número de
animais emlactação”, projetaPaulo.
“E como apoio da família, tudo ain-
da ficamelhor”, comemora.
GESTÃOSUSTENTÁVEL
A fimde qualificar aindamais os
processos na propriedade, a Ema-
ter/RS-Ascar incluiu Paulo e Paola
no programa de Gestão Sustentável
daAgriculturaFamiliardaSecretaria
de Desenvolvimento Rural, Pesca e
Cooperativismo (SDR), do governo
do Estado. “A intenção” diz Diovane
Cardoso, “é incorporar a gestão in-
tegral da propriedade rural, incenti-
vando ainda mais o protagonismo
da juventude, a autonomia da mu-
lher na propriedade, como já pode-
mos ver nesse caso, e a geração de
renda, comqualidadedevida”.
Conforme ele, este tem sido o
padrão dos produtores que perma-
necemna atividade e que investem
na propriedade. “No caso de Paulo
e Paola, a pastagem permanente
de verão ainda está produzindo, en-
quanto as anuais de inverno ainda
não chegam ao ponto de corte”, fri-
sa.Paraotécnico,éestetipodeação
que possibilitou ao casal aumento
de 196%de produção na litrageme
de81%naprodutividade,noquediz
respeito a litros por animal. “E isto
representa não apenas redução de
custos, mas aumento da qualidade
doprodutooferecido”, finaliza.
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