Jornal da Emater - Setembro de 2017 - page 14

OJornaldaEmater
mostraexemplos
deempreendedores
domeioruralque
enxergaramna
tecnologiauma
boaoportunidade
inovação
Aapostanaroçadigital
Taline Schneider
Q
uem passa pela peque-
ninaBoaVistadoBuricá,
próximo a Santa Rosa,
não imagina que a a ci-
dade seja o berço de uma revolu-
çãona relaçãoentreoprodutor ru-
ral eoconsumidor. Lá, sair de casa
para comprar verduras e hortali-
ças é coisa do passado. A compra
é feita pela internet. Isto mesmo.
Basta digitar ou clicar para fazer
a encomenda. O Sítio Lermen, na
Linha Gaúcha, no interior do mu-
nicípio, é pioneiro nesta mudança
de comportamento, com 100%
dos hortigranjeiros vendidos pelas
redes sociais, no
site
ounoaplicati-
vo próprio do empreendimento. E
um detalhe: os pedidos são entre-
gues na casa do cliente.
Quem alimentou esta ideia foi
o jovem Vanderlei Holz Lermen,
27 anos, que é produtor rural, téc-
nico em Agropecuária, tecnólogo
em Processos Gerenciais e gradu-
ando em Gestão e Planejamento
para o Desenvolvimento Rural.
Visionário, para ele a prática já é
“antiga” e nasceu junto com as
mídias digitais. “Há seis anos, co-
mecei a plantar morangos e ven-
der pelo Orkut e por MSN. Depois
passei para o Facebook e para o
WhatsApp. Há dois anos, montei
o
site
próprio. E há um ano eu
mesmo desenvolvi um aplicati-
vo. Como gosto de tecnologia,
fui mexendo e descobrindo como
fazer, com auxílio de tutoriais da
internet”, confessa.
A decisão de optar pela venda
online veioporque Vanderlei nun-
ca gostou do “porta a porta”, por
achar que as pessoas sentiam-se
incomodadas. “No meu modelo,
o cliente fica à vontade para pe-
dir quando quiser”, explica. Outra
grande vantagem, segundo ele, é
trabalhar somente com pedidos.
“Nunca sobram hortaliças colhi-
das. Nada se perde. Retiro da ter-
ra somente o que já está vendido,
evitando o desperdício”, frisa.
No Vale do Taquari, o agricultor
Leandro Lange
, de Lajeado, tam-
bémé umadepto das redes sociais
paravenderaproduçãodesuahor-
ta. Lange conta que iniciou as en-
tregas de pedidos feitos por
e-mail
e WhatsApp quando a produção
ainda era em Arroio do Meio, cida-
de vizinha. “Não podíamos vender
na feira de Lajeado por não produ-
zirmos lá e ainda sofríamos algum
preconceito por não sermos colo-
nos de raiz, pois moramos na área
urbana”, diz, ressaltando que, no
começo,quasetodosdesconfiavam
do trabalho rural agora executado
por ele, um músico e técnico em
próteseodontológica, epelocolega
e jornalista Rafael Cunha. “Aí nos
obrigamosaacharumasaídapara
vender nossos produtos. Como tí-
nhamos bom relacionamento na
Univates, começamos as entregas
por lá. Quandomudamos para La-
jeado, mantivemos e ampliamos o
sistemaporqueaprocura foi ótima
. As vendas online já representam
30%do total e o objetivo é aumen-
taraindamais”,prospecta.
Lange explica que nas segun-
das-feiraspelamanhãuma listade
produtos disponíveis, com valor, é
enviadaaosclientes,quepodemfa-
zer suas encomendas até às terças
à noite. Os produtos são colhidos,
lavados e embalados às quartas e
entreguesnomesmodia. “Oferece-
mosprodutosfrescosemcasaouno
trabalhodocliente. Eventualmente
alguémvemretirar.Opagamentoé
feito emdinheiro na hora da entre-
ga”,explica.
Feira doWhatsApppara facilitar os negócios
Emsintoniacomosnovos tempos
O jovem Vanderlei Holz Lermen considera a proposta da venda
online uma alternativa para tornar o estabelecimento diferenciado
em relação à concorrência. “Confere mais praticidade, além do con-
tato direto e da garantia da procedência. O consumidor acompanha
tudo desde o preparo do solo à entrega. Sabe como é produzido seu
alimento em cada detalhe”, ressalta. O pagamento também pode ser
feito online, na hora do pedido, ou pessoalmente, na hora da entrega.
No
site
, o consumidor encontra até o cronograma de entrega. Para
pedidos locais, não é cobrada nenhuma taxa, a qual custa R$ 2,00
para os municípios vizinhos.
O empreendedor faz tudo sozinho: planta, colhe e realiza entrega.
“Já não estou dando conta da demanda. Está na hora de expandir a
horta”, comenta ele. Atualmente, o sítio produz mais de 20 tipos de
gêneros alimentícios. “Os produtos com pouca produção ofereço so-
mente para os clientes já cadastrados em grupos do WhatsApp por
cidade”, explica. E o jovem ainda arranja tempo para desenvolver um
projeto em escolas, onde ministra palestras sobre a vida no campo e
as diferentes oportunidades para crescer, como a modernização do
trabalhador e, principalmente, as perspectivas da juventude rural.
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